Em Da Sociedade Pós Industrial à Pós Moderna, livro originalmente publicado no Reino Unido em 1995, o professor de Ciência Política e Social Krishan Kumar, da Universidade de Kent/ Inglaterra, realiza uma interessante síntese e balanço teórico das discussões em torno dos conceitos de Modernidade e Pós Modernidade.
Kumar ocupa-se nesse estudo basicamente de três variantes da chamada teoria do Pós Industrialismo em voga durante os anos 70 do último século: a hipótese de uma sociedade da informação, de um Pós Fordismo e de uma Pós Modernidade. Sua analise não busca qualquer parecer conclusivo em torno dessas teorias, mas produzir um provisório balanço critico de seu desenvolvimento a luz do desafio contemporâneo de uma radical releitura das representações e dinâmicas de nosso mundo coletivamente vivido.
No prefácio que faz a sua obra Kumar, muito lucidamente reconhece que, em termos de teoria social, o debate envolvendo a pos modernidade vem se diluindo em um incessante crescimento da literatura em torno de tal teoria em detrimento de seu desenvolvimento e aprofundamento. Sua obra, entretanto, ocupa um lugar peculiar entre a vasta bibliografia critica destinada ao tema na medida em que propõe a servir de guia em meio a verdadeira torre de babel literária que envolve o assunto.
Merece destaque a resposta formulada pelo autor a questão elementar sobre a pertinência ou não de uma Pós Modernidade:
“ ... há um grau inescapável de “reflexão” ou auto conhecimento na pós-modernidade que é inerente à sua condição e às discussões que provoca. Isso significa que terá que haver uma certa hipérbole, que não exige resposta, na pergunta que fizemos no último capítulo: A pós-modernidade realmente existe? A pergunta não pode ser respondida de forma literal. A pós- modernidade é verdadeira na medida em que nos cerca por toda parte. As industrias da cultura, que são hoje fundamentais em muitas sociedades ocidentais , tornaram-na verdadeira através da criação incessante de um ambiente saturado de imagens. A hiper-realidade- a cópia cujo original se perdeu- é o mundo que todos nós habitamos pelo menos durante parte do tempo., O “êxtase da comunicação” no mundo da Internet é uma experiência viva demais, que muito de nós apreciamos, e com a qual sofremos também, tanto em nossa vida de trabalho quanto de lazer,. Cultura não é mais simplesmente um adjunto à atividade séria de ganhar a vida, mas, em grande parte, tornou-se essa atividade. Grande quantidade de pessoas trabalham nas industrias da cultura e, nos seus momentos de folga, também consomem seus produtos.
Mais notável ainda, as próprias industrias da cultura têm se preocupado em grau extraordinário em disseminar o vocabulário, a imagística e os tons emocionais da pós-modernidade. Esse fato inevitavelmente aumenta o elemento de reflexão no fenômeno. Intelectuais e artistas posmodernos regularmente dão o ar de sua graça nas telas de televisão, em programas de debates em fins de noite. Numerosos programas populares de entrevistas e comédias exibem uma ironia zombaria inequivocamente posmodernista. Todo o nosso senso de política e de eficiência política é afetada pelo fluxo ininterrupto de irreverência e ridículo dirigido contra figuras de autoridades e sacrossantas instituições nacionais. Um dos resultados dessa promoção da cultura pósmodernista é que a resposta à pergunta “a posmodernidade existe realmente?” tem de ser em parte baseada em termos criados por essa própria cultura.”
(Krishan Kumar. Da Sociedade Pós- Industrial à Pós- Moderna: Notas sobre o Mundo Comtemporâneo./tradução de Ruy Jungman.RJ: Jorge Zahar Editor, 1997, p.194)
Kumar ocupa-se nesse estudo basicamente de três variantes da chamada teoria do Pós Industrialismo em voga durante os anos 70 do último século: a hipótese de uma sociedade da informação, de um Pós Fordismo e de uma Pós Modernidade. Sua analise não busca qualquer parecer conclusivo em torno dessas teorias, mas produzir um provisório balanço critico de seu desenvolvimento a luz do desafio contemporâneo de uma radical releitura das representações e dinâmicas de nosso mundo coletivamente vivido.
No prefácio que faz a sua obra Kumar, muito lucidamente reconhece que, em termos de teoria social, o debate envolvendo a pos modernidade vem se diluindo em um incessante crescimento da literatura em torno de tal teoria em detrimento de seu desenvolvimento e aprofundamento. Sua obra, entretanto, ocupa um lugar peculiar entre a vasta bibliografia critica destinada ao tema na medida em que propõe a servir de guia em meio a verdadeira torre de babel literária que envolve o assunto.
Merece destaque a resposta formulada pelo autor a questão elementar sobre a pertinência ou não de uma Pós Modernidade:
“ ... há um grau inescapável de “reflexão” ou auto conhecimento na pós-modernidade que é inerente à sua condição e às discussões que provoca. Isso significa que terá que haver uma certa hipérbole, que não exige resposta, na pergunta que fizemos no último capítulo: A pós-modernidade realmente existe? A pergunta não pode ser respondida de forma literal. A pós- modernidade é verdadeira na medida em que nos cerca por toda parte. As industrias da cultura, que são hoje fundamentais em muitas sociedades ocidentais , tornaram-na verdadeira através da criação incessante de um ambiente saturado de imagens. A hiper-realidade- a cópia cujo original se perdeu- é o mundo que todos nós habitamos pelo menos durante parte do tempo., O “êxtase da comunicação” no mundo da Internet é uma experiência viva demais, que muito de nós apreciamos, e com a qual sofremos também, tanto em nossa vida de trabalho quanto de lazer,. Cultura não é mais simplesmente um adjunto à atividade séria de ganhar a vida, mas, em grande parte, tornou-se essa atividade. Grande quantidade de pessoas trabalham nas industrias da cultura e, nos seus momentos de folga, também consomem seus produtos.
Mais notável ainda, as próprias industrias da cultura têm se preocupado em grau extraordinário em disseminar o vocabulário, a imagística e os tons emocionais da pós-modernidade. Esse fato inevitavelmente aumenta o elemento de reflexão no fenômeno. Intelectuais e artistas posmodernos regularmente dão o ar de sua graça nas telas de televisão, em programas de debates em fins de noite. Numerosos programas populares de entrevistas e comédias exibem uma ironia zombaria inequivocamente posmodernista. Todo o nosso senso de política e de eficiência política é afetada pelo fluxo ininterrupto de irreverência e ridículo dirigido contra figuras de autoridades e sacrossantas instituições nacionais. Um dos resultados dessa promoção da cultura pósmodernista é que a resposta à pergunta “a posmodernidade existe realmente?” tem de ser em parte baseada em termos criados por essa própria cultura.”
(Krishan Kumar. Da Sociedade Pós- Industrial à Pós- Moderna: Notas sobre o Mundo Comtemporâneo./tradução de Ruy Jungman.RJ: Jorge Zahar Editor, 1997, p.194)