Alice at 80 ou Alice aos 80 do poeta e romancista norte americano David R. Slavitt, é um curioso exercício de imaginação literária. O livro em questão possui como tema central as permanências na idosa Alice Liddell da experiência de infância estabelecidas pelo seu relacionamento com o reverendo Charles Dodgson, mais conhecido pelo seu pseudônimo Lewis Carroll. Cabe esclarecer que Alice Liddell fora a musa inspiradora de sua obra clássica Alice no País das Maravilhas e Alice no Espelho.
Cabe esclarecer que Carroll é polêmico entre os seus biógrafos pelo seu voyeuismo, pelo seu discreto erotismo e curiosa amizade com garotinhas que gostava de fotografar e destinar pequenas missivas. A imaginação de R. S. Slavitt nos permite preencher os vazios deixados por esses heterodoxos relacionamentos.
O ponto de partida da narrativa é a homenagem prestada a Alice Liddell, então com 80 anos, pela universidade de Columbia/ NY, através do diploma de doutora honoris causa em Letras, como parte das comemorações do centenário do autor em 1932. A partir daí fantasia e realidade se misturam construindo uma profunda e fascinante aventura psicológica envolvendo Alice, sua família e o reencontro com outras duas antigas modelos ou amiguinhas mirins de Carroll, como a personificada pelo fragmento que segue:
Cabe esclarecer que Carroll é polêmico entre os seus biógrafos pelo seu voyeuismo, pelo seu discreto erotismo e curiosa amizade com garotinhas que gostava de fotografar e destinar pequenas missivas. A imaginação de R. S. Slavitt nos permite preencher os vazios deixados por esses heterodoxos relacionamentos.
O ponto de partida da narrativa é a homenagem prestada a Alice Liddell, então com 80 anos, pela universidade de Columbia/ NY, através do diploma de doutora honoris causa em Letras, como parte das comemorações do centenário do autor em 1932. A partir daí fantasia e realidade se misturam construindo uma profunda e fascinante aventura psicológica envolvendo Alice, sua família e o reencontro com outras duas antigas modelos ou amiguinhas mirins de Carroll, como a personificada pelo fragmento que segue:
“... Minha impressão daquele primeiro momento está obscurecida por outros momentos, mas acho que me comportei adequadamente- quero dizer, de acordo com os desejos e necessidades dele. E acho que ele me pôs no chão e voltei para a plataforma. Acho que foi isso. Talvez tenha mandado que eu me vestisse. Seja como for, sei que desapareceu no quarto ao lado, para apanhar outro pedaço de carvão. Ou outro pretexto qualquer. Certamente saiu para se masturbar.
Imagino que fosse isso, baseando-me em experiências posteriores. Para a maioria das meninas que ele convencia a posar para fotografias ou desenhos, acho que era o máximo que fazia- mandar a garota tirar a roupa, beija-la e abraça-la sentando-a no colo, e depois desaparecer no outro quarto. Nada que pudesse provocar grandes distúrbios psicológicos. Algumas delas provavelmente nem percebiam o que estava acontecendo. Eu sabia porque era mais velha do que a maioria das amiguinhas dele e porque tinha tido uma vida diferente. Além disso, tinha consciência das possibilidades, porque minha própria mãe tinha raspado meus pêlos”.
(David R. Slavitt. Alice aos 80/tradução de Aulyde Soares Rodrigues. RJ: Rocco, 1986, p.142-143 )