sexta-feira, 15 de maio de 2009

PENDÊCIAS COTIDIANAS

I

Procuro princípios
No mais imperfeito
Do provisório saber
De ser entre as coisas.
Transcendo-me
Em silêncios e sensações
Buscando soluções passageiras
Para as pendências
De ontem...

II

O quase saber
Do meu provisório
Viver de acasos
Entre sombras
Desconstroe-se
Na adivinhação do nada
Entre as sobras do dia...

quarta-feira, 13 de maio de 2009

LIFE....


Cada instante de vida é um desafio de acasos, de percepções de caos de universo, que me conduz ao risonho da minha finitude e ao mínimo absoluto do nada de meus imprecisos momentos biografias... Sou tudo que faço no se fazer de acasos como principio do caos que inventa o mundo.

terça-feira, 12 de maio de 2009

FUTURE


Vivo diariamente
O mito do dia seguinte,
A essencial incerteza
Da expectativa de um novo
Que me transforme
Em realidade
entre os desfocados
Acontecimentos
Que fazem a vida.

Talvez,
Eu nunca exista
Como perpétuo fato
De singular humanidade...

segunda-feira, 11 de maio de 2009

FILOSOFIA DO QUERER DESEJO

Todo o querer do mundo
Não cabe no desejo
Que pela vida
me move
em buscas de imensidões.

O universo acontece
Em vontades múltiplas,
Em dialógicos conflitos
Que se propagam ao infinito
Na significação positiva
De VAZIOS,
CARÊNCIAS,
APETITES

E DESAFIOS...

CRÔNICA RELÂMPAGO LIII

Cotidianamente,muitas vezes falamos apenas para fazer barulho, para preencher o incômodo silêncio que surge do estar a presença de outras pessoas. Freqüentamos sistematicamente o lugar comum da linguagem, da superficialidade de nosso ser entre os outros.
O decisivo nisso é que realmente não temos nada de muito significativo a dizer ou compartilhar uns com os outros. O fazer-se da vida dar-se sob o signo da banalidade e a construção de nossa individualidade, o mais profundo de nossa experiência privada de estar no mundo é essencialmente incomunicável....

terça-feira, 5 de maio de 2009

“NOTHING’S GONNA CHANGE MY WORD...”

Invento um instante dourado
De piruetas
Para rir das sutilezas
Que somam a realidade
Ao doce das fantasias.

The fool on the hill...
Across the universe...
“NOTHING’S GONNA CHANGE MY WORD...”
A linguagem me devora
No virtual exercício de ser....
Em irracional existência
Em decafônicas decomposições...

Mas a vida
Tende a si mesma
Em um silêncio de tempo
Que passa...

JOHN LENNON E 1969: 40 ANOS DEPOIS...


O longo Século XX foi, entre outras definições possíveis, a Era das Individuações. Dentre os indivíduos singulares gerados por ele, John Lennon ocupa um lugar realmente especial em meio ao labirinto de suas contradições, impasses, ingenuidades, senso de humor ou de liberdade e aposta em alguma possibilidade de desdobramento futuro de seu generoso tempo social e epocal marcado por esperanças radicais de desconstruções e reconstruções do mundo compartilhado a partir da singularidade e originalidade da experiência da individualidade...
Vale à pena resgatar aqui, por tudo isso, um momento especial de sua trajetória subjetiva ocorrido no já distante ano de 1969, lembrado por Lucia Linhares, em um pequeno e despretensioso ensaio biográfico que nos leva a refletir sobre seus dilemas enquanto figura pública, sobre suas recusas e irreverente afirmação de si mesmo conmo sendo apenas um individuo entre os outros e além das projeções que lhe eram coletivamente impostas:


“... No começo de outubro, o New Cinema Club, de Londres, apresentou alguns filmes de John, entre eles uma première: SELF PORTRAIT. Durante 15 minutos vemos o pênis de John e mais nada, a não ser uma ereção em câmera lenta. As interpretações foram muitas: mais uma mostra de seu senso de humor, mais uma agressão à critica, mais uma tentativa de filmar o absurdo... John disse, na época:
“ Eu me recuso a liderar, e vou sempre mostrar meus genitais, ou fazer qualquer coisa que me previna de ser Martin Luther King, ou Ghandhi, e ser morto.” ( One Day a Time)
Numa manhã de novembro John acordou e pediu ao motorista que fosse até a casa de Tia Mimi buscar a medalha da Ordem do Império Britânico que estava em cima do aparelho de televisão. John resolvera colocar em prática uma idéia que há um ano tinha na cabeça; a Inglaterra envolvia-se no Vietnã, no conflito Nigéria e Biafra, e John não estava gostando nada disso. Foram ao escritório e John redigiu uma carta:
“Sua Majestade,
Estou devolvendo a Ordem do Império Britânico em protesto contra o envolvimento da Inglaterra no caso de Biafra-Nigéria, contra o nosso apoio à presença dos EUA no Vietnã e contra a baixa colocação de Cold Turkey nas paradas de sucesso.
Com amor
John Lenon do Saco” ( “of the bag”, uma referência ao “ bagism”)
Poucas pessoas entenderam a piadinha com Cold Turkey. Esta brincadeira não impediu, entretanto que Bertrand Russel admirasse o ato de John e lhe mandasse congratulações.”


(Lucia Villares. Lennon: No céu de diamantes. SP: Brasiliense( coleção Encanto Radical), 1992, p.94-95)
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sábado, 2 de maio de 2009

DOCE MELANCOLIA

A serena paisagem
De um dia de outono
Comunica-me mais coisas
Do que qualquer
Palavra humana.

Desejo apenas, então,
Ficar entre as coisas,
Em silêncio,
Vivenciando



As mágicas certezas
Do estar vivo,
Explorando o pensar
Dos pensamentos
Nas abstratas sensações
Do corpo em reflexões,
Em sentimento
De renovações e chuvas
Em fertilidade de sonos, sonhos
E sombras de amanhãs possiveis.

PARADOXO TEMPORAL

Sinto saudades
Do meu destino,
De tudo aquilo
Que não me tornei
Na vontade de ser
Um outro
Que jamais aconteceu.

O fato
É que não me vejo
Nas virtuais versões
De mundo
Que me inventaram...

MEMORY...


A memória é em grande parte um inventário de lugares, pessoas, coisas, sensações e emoções que nos inventaram. A memória é uma espécie de silêncio em movimento onde o passado surge como sonho...