É conhecida a frase segundo a qual fazemos nosso próprio destino. Segundo essa máxima, nossas opções pessoais determinam aquilo que somos. Mas cabe questionar se tudo o que nos tornamos na vida pressupõe uma cristalina consciência de nossos fatos e contextos vividos; o quanto nossas representações de nós mesmos e do mundo efetivamente correspondem a alguma teleológico significado objetivo de todas as coisas. Paradoxalmente, não somos senhores de nossas próprias opções. Em grande parte elas dependem também daquilo que os outros projetam sobre nós e que em contra partida projetamos no mundo. Sei que hoje não sou a mesma pessoa que em algum passado relativamente distante optou por isso ou aquilo.
Definitivamente não fazemos nosso próprio destino. Participamos dele tanto quanto participamos de tudo aquilo que somos. Não questiono o livre arbítrio que rege a biografia de cada individuo, o que de fato não me parece fazer sentido é a idéia de que uma identidade fixa e cristalina nos orienta o agir e o escolher. As decisões mais importantes de nossas vidas não passam de escolhas de momento guiadas por um misto de intuição e acaso no mais que profundo da superfície de um momento.