terça-feira, 5 de agosto de 2008

MONTY PHYTON: FLYING CIRCUS



IT’s...
No episódio 2 ( Sex and Violence) da primeira temporada de FLAING CIRCUS do Monty Phyton encontramos uma série de sketchs singularmente divertidas e acidas sobre alguns dilemas contemporâneos. Penso particularmente no esquete The Epiloque: A question of Belief ( O Epílogo: Uma questão de crença), simulação de um programa de debates onde na noite em questão, os debatedores representados por um lado pelo Monsenhor Edward Gav, emissário pastoral visitante da Universidade de Teologia Somerset, autor do best seller “Meu Deus” e, por outro lado, pelo Dr. Tom Jack, humanista, jornalista, palestrante e autor de livros como “Ola Marinheiro”, decidem substituir os incansáveis e infrutíferos debates sobre a existência ou não de Deus por uma boa briga em um ringue em uma disputa de três assaltos...
Algumas esquetes depois, em outra simulação de um programa sobre atualidades, The World around us (O mundo a nossa volta) nos confrontamos com o delicado problema da descriminação e preconceito contra os “homens- ratos”, ou seja o caso de homens que pensam que são ratos e adotam um comportamento desviante fantasiando-se como tal e adquirindo hábitos d e ratos.
Mas em que pese todo o preconceito e falta de informação existente sobre o delicado tema, após depoimentos de homens ratos e opiniões de especialistas, somos induzidos a crer que, como demonstram os exemplos históricos de Cezar e Napoleão, os “homens-ratos” podem ocupar um lugar útil na sociedade.
... Já no final do episódio, retomando o esquete The Epilogue, cabe informar o resultado do combate pela existência ou não de Deus: Deus existe por duas quedas contra um nocaute... Resultado que, pessoalmente, considero terrivelmente injusto... Até hoje aguardo pelo sketch de uma revanche que certamente provaria que Deus não existe!

ENIGMA PESSOAL



Nenhum instante
Ou retalho de tempo sentido
Define-me nos dias
Ou na alma.


Significados me fogem
Quando tento
Inutilmente agarrá-los
Em sombras de memórias
E certezas de rosto.


Sou a soma
De perdas e conquistas
No provisório balanço
De mim mesmo.


Entre transformações e buscas
Abandono-me ao vento
Que me desfaz e refaz
No movimento da vida.

PENSAMENTO E CONTEMPORÂNEIDADE


“Sem os punhos de ferro da modernidade,
a pós-modernidade precisa de nervos de
aço”
.
BAUMAN, Zygmunt: Modernidade e Ambivalência

O exercício de pensar na contemporaneidade pressupõe toda economia simbólica como um jogo de linguagem deslocado de qualquer objeto de eleição, de qualquer correspondência viva entre as palavras e as coisas.
A consciência tornou-se, em muitos sentidos, o único sujeito e objeto possível do pensamento que, cada vez mais, volta-se para e contra si mesmo no produzir irrestrito do conhecimento.
Já não é mais possível apropriar-se do mundo pelo pensar, reduzi-lo a uma espécie de ciframento, codificação ou desvelamento de uma realidade passível de revelação. Pois tudo que vemos hoje é uma espiral de conceitos, métodos, ideações e arbitrarias eleições cognitivas que se mesclam em um amalgama de informações inconclusas, historicamente determinadas, em sua inevitável perenidade ou provisório e relativo valor.
Aqueles que ainda se entregam à chamada “vida do espírito” encontram-se diante do desafio de reconhecer o esforço de pensar, antes de tudo, como uma atividade lúdica não mais destinada a fomentar valores morais, princípios e certezas de mundos imaginados como realidades.
O conhecimento hoje em dia, parafraseando Jean Francois Lyotard em A Condição Pos Moderna, é basicamente performance... Acrescentaria ainda: ele é incredubilidade e descrença na fundamentação ultima de todo discurso, isto é, o sentimento de verdade.

A ESSÊNCIA DO FUTURO



Muito do que sou hoje
É puro futuro
Do qual ainda
Não sou capaz.


O porvir, afinal,
É o vazio que da forma
Ao tempo,
Uma insaciável ausência
Que nos faz
Desesperadamente
Viver...


Sem querer,
Entretanto,
Vislumbro apenas passados
Em meus horizontes
E sigo no tempo
Como um sereno vento.

domingo, 3 de agosto de 2008

MONTY PHYTON: FLYNG CIRCUS


IT’S...

O personagem maltrapilho. Cabeludo e barbudo das aberturas dos episódios da série Flyng Circus do Monty Phyton, exibida pela BBC entre os anos de 1969 e 1973 é um naufrago que nos sugere o naufrágio de nosso próprio mundo... Leitura possível para uma apropriação do humor singular e único do Monty Phyton em linguagem filosófica/satirica. Podemos, inclusive considerar esse mágico sexteto britânico, sem embargos, como os melhores continuadores da “literatura de costumes” tão em voga entre os escritores vitorianos...
Sim... somos náufragos de nos mesmos e rir disso é uma vitória do pensamento.

LOVE...

I get my love back
At evening.

O mundo explode
Lá fora em brilho fosco de noite
Nessa cidade que nos ignora
Como ignoramos um ao outro.

Free...

Fidelity?
Loyalty?
Attachment?

Oh, these are
Abstractions
Sobre um céu nublado
E lindo.

SHIP

Entre o céu e a terra
Correm diversos ventos,
Que percorrem nossos momentos
Como um verso exilado
Em busca da forma
De um pensamento.


Sinto-me o mero e provisório
Produto
De algum destes ventos
Que sopram
Sem direção ou rumo.

Sei que sou o esforço
E esboço
De algum futuro informe
Que nunca busqueiComo nau em mar profundo

quarta-feira, 30 de julho de 2008

ROLLING STONES: O CORPO COMO MUSICA EM MOVIMENTO



Nunca tive o trabalho de mapear todas as bandas que fizeram parte da chamada “invasão britânica” dos Estados Unidos liderada pelos Beatles depois da turnê de 1964. Mas é fato que se tratou de um movimento plural, diverso, ao ponto de uma das maiores forças da invasão britânica, os Rolling Stones, representarem em sua essência um profundo sincretismo entre a linguagem impar do rock britânico e a musica popular norte americana.
Se os Beatles são os herdeiros e mais originais continuadores da primeira geração do rock, a ponto de estabelecer uma ruptura de conseqüências impares, os Stones são seus leitores mais originais. Sua musicalidade nos atinge o corpo, os sentidos, e passa longe do pensamento e das angustias existenciais. É apenas puro e bruto roch’n roll... musica para dançar no mais cru primitivismo que o rock pode representar do ponto de vista da cultura clássica ou inspirada pela tradição da “boa sociedade”.
Não é nada fácil definir o som dos Stones... Talvez eles representem o pensamento do não pensamento... uma linguagem musical inspiradora de vertigens e sensações de corpo de alma. Algo só compreensível quando somos embalados por clássicos como Satisfaction, Sympathy for the divel, I’m free ou No expectations até o esgotar de todas as nossas ansiedades e energias em qualquer forma de melancolia como em paint it black, as tears go by e lady jane.


Segundo Paul Friedlander foi em 1968 que os Stones atingiram sua maturidade assegurando um lugar certo para Mick, Keith e Brian na história mágica do rock...


...Na primavera de 1968, porem, nem gravações no estúdio londrino Olympic, eles produziram uma musica que reverberou por todo o mundo da música. Era uma inovação, o som era encrespado e as idéias musicais eram mais sofisticadas. A temática das letras tinha expandido o anterior foco em envolvimentos românticos/sexuais para incluir temas como preocupação política e social. Mesmo assim, a cozinha ritma a inda vibrava, Jagger continuava a rosnar e uivar, e perigo e tabu ainda se escondiam por entre as letras. Os Rolling Stones amadurecidos não eram não eram nada submissos. Eles produziram um quarteto de discos clássicos- Beggars Banquet, Let It Bleed, Sticky Fingers e Exile on Main Street- que garantiriam que os Stones seriam considerados eternamente um dos maiores grupos de rock and roll.”
Pode-se apontar o produtor Jimmy Miller como o responsável pelo amadurecimento musical e por uma nova sofisticação nos arranjos e no som. Miller, um per cussionista americanom já tinha produzido álbuns para Spook Tooth e o Traffic quando foi convidado para assistir as gravações dos Stones. A relação profissional foi estabelecida ne Miller continuou como produtor da banda nos cinco discos seguintes, sendo que os quatro primeiros são o ponto alto da carreira da banda. Um dos aspectos mais marcantes deste período ( graças, talvez, a genialidade de Miller no estúdio) é a linha de instrumentos de percussão no inicio de sucessos como Sympathy for the Devil e Gimme Shelter.”


( Paul Frederich. Rock and Roll: Uma história social/ tradução de A. Costa-4º ed. RJ: Record, 2006, p.164 )

CRÔNICA RELÂMPAGO XXXII


Sei que sou feito por tudo aquilo que passou; pelo que perdi, sonhei e conquistei neste decepcionante resultado informe de copia carbono de sonhos desfeitos... que é simplesmente meu eu...
Mas se o que nos tornamos na vida é conseqüência dos limites, desafios e escolhas que fazemos, não há satisfatória conceituação que desvele O SUPLEMO IMPRECISO DE NÓS MESMOS, esta fantasmagórica metáfora que expressa o mais irracional e intenso fundo de nossas almas, aquilo que nos leva a uma insaciável sensação de desconforto e insatisfação permanente.
A vida é essencialmente um estado constante de inquietação...

OS FANTASMAS DO TEMPO

Preencher de vida
O tempo de cada dia
É a única tarefa
Que nos ocupa.

Vivemos para
E através do tempo...

Arrumamos a vida
Em calendários e relógios
Desarrumando o lúdico
Dos desejos brutos.

Tudo para cumprir o oficio
De inventar sociedades.
Mas devaneios de infância
Espreitam a madrugada.

Em face de lua e encanto,
Em embriagados vazios,
Algum eu rebelde me invade
sonhando infinitos
e outras realidades.