A Bussola de Ouro (1995), primeiro livro da triologia Fronteiras do Universo, escrita pelo britânico Phillip Pullman ( 1946-...), embora voltada para um publico infanto juvenil, nos surpreende com um narrativa rica e complexa.
Em linhas gerais podemos tomar a obra como um questionamento ou desconstrução do cristianismo enquanto religião institucionalizada e totalitária e, ao mesmo tempo, um refinado exercício imaginativo.
Naturalmente, o livro é mais interessante que sua recente adaptação cinematográfica e, em uma leitura mais profunda, é possível intuir algo menos imediato do que a critica ao cristianismo. Talvez o grande tema do livro seja na verdade uma critica ao fundamentalismo religioso de um modo geral, questão que nos assombra nesse inicio de milênio.
A leitura da Bússola de Ouro é insuficiente para avaliar o trabalho deste singular escritor que é Pillip Pullman, que já publicou, além da citada triologia , diversos contos e peças teatrais, tendo recebido por sua obra infanto juvenil o prémio Whitbread de livro do ano, o mais prestigioso da Inglaterra, assim como o prêmio Astrid Lindren Memorial Award de Literatura Infantil. O fato é que a repercussão de sua obra me chamou atenção para as novas formas assumidas pela narrativa literária destinada ao público infanto juvenil, sua aproximação cada vez maior da formula clássica do romance e o conseqüente alargamento do leque de seus leitores. Poderíamos ainda acrescentar como exemplo desta tendência o ciclo Harry Potter ou o Aragon de Cristopher Paolini.