Busco ser um pouco menos
Do que penso que sou
E algo daquilo
Que pretendia ser.
Tento saber
O provisório inacabamento
Que desenha a vida
Nas apagadas paisagens
Do mundo.
Procuro-me nas ausências
E carências
De pueris vontades
Em busca da essência
Da peculiaridade
Dos meus porquês.
Este Blog é destinado ao exercicio ludico de construção da minima moralia da individualidade humana; é expressão da individuação como meta e finalidade ontológica que se faz no dialogo entre o complexo outro que é o mundo e a multiplicidade de eus que nos define no micro cosmos de cada individualidade. Em poucas palavras, ele é um esforço de consciência e alma em movimento...entre o virtual, o real, o simbolo e o sonho.
segunda-feira, 28 de abril de 2008
CRONICA RELÂMPAGO XXV
“Depois de haver meditado longamente sobre a essência da música, recomendo o gozo dessa arte como a mais deliciosa de todas. Não há outra que atue mais diretamente, mais profundamente, porque também não há outra que revele mais diretamente e mais profundamente a verdadeira natureza do mundo. Ouvir longas e belas harmonias é como um banho de espírito: purifica de toda a mancha, de tudo que é mau, mesquinho; eleva o homem, e sugere-lhe os pensamentos mais nobres que lhe seja dado ter, e ele então sente claramente tudo o que vale, ou antes quanto poderia ser.”
Arthur Schopenhauer. As Dores do Mundo. / tradução: s/d. Bahia: Livraria Progresso Editora, 1957, p. 146
A percepção cotidiana da existência é um fenômeno complexo, multifacetado, que normalmente nos escapa na miopia da objetividade de fatos e atos dispostos na linearidade de nosso modo de conceber o tempo. Essencialmente, porem, a existência de uma vida humana acontece através de um sentimento ritmo ou qualitativo; de um modo peculiar de perceber e apreender o real, condicionado as diversas fases e conjunturas que ao longo de nossa biografia sucedem-se no quase aleatório exercício da existência em nosso fluir, antes de tudo, biológico. Certamente, aos cinqüenta ou sessenta anos, não vivemos ou agimos dentro da mesma imagem de mundo na qual vivíamos aos cinco ou dez anos.
Nada mais apropriado do que vincular os tantos e diversos sentimentos de vida e mundo que compõem nossa existência a evolução de uma melodia. Não falo, naturalmente, com referencia ao que diz respeito à objetividade de sua estrutura matemática, mas ao seu aspecto “qualitativo”, imagético, ou subjetivo, isto é, sua capacidade de traduzir as paixões humanas de modo único e enigmático. Uma peça musical é composta por vários momentos em seu desenvolvimento... assim como nossas existências.
Arthur Schopenhauer. As Dores do Mundo. / tradução: s/d. Bahia: Livraria Progresso Editora, 1957, p. 146
A percepção cotidiana da existência é um fenômeno complexo, multifacetado, que normalmente nos escapa na miopia da objetividade de fatos e atos dispostos na linearidade de nosso modo de conceber o tempo. Essencialmente, porem, a existência de uma vida humana acontece através de um sentimento ritmo ou qualitativo; de um modo peculiar de perceber e apreender o real, condicionado as diversas fases e conjunturas que ao longo de nossa biografia sucedem-se no quase aleatório exercício da existência em nosso fluir, antes de tudo, biológico. Certamente, aos cinqüenta ou sessenta anos, não vivemos ou agimos dentro da mesma imagem de mundo na qual vivíamos aos cinco ou dez anos.
Nada mais apropriado do que vincular os tantos e diversos sentimentos de vida e mundo que compõem nossa existência a evolução de uma melodia. Não falo, naturalmente, com referencia ao que diz respeito à objetividade de sua estrutura matemática, mas ao seu aspecto “qualitativo”, imagético, ou subjetivo, isto é, sua capacidade de traduzir as paixões humanas de modo único e enigmático. Uma peça musical é composta por vários momentos em seu desenvolvimento... assim como nossas existências.
quinta-feira, 24 de abril de 2008
KERNUNNUS
Vislumbro, às vezes,
No sem pensar de momento,
O senhor dos animais
Em imagem e vento.
Kernunnus se faz presente
Em natureza e aventura
De imaginações perdidas
E acalantos de sonhos.
Deus possível de mim mesmo
Que me sonha e é sonhado
Em alguma floresta
Ou bosque
Em quer me faço vento
E tempo sem nome
In nemeton...
No sem pensar de momento,
O senhor dos animais
Em imagem e vento.
Kernunnus se faz presente
Em natureza e aventura
De imaginações perdidas
E acalantos de sonhos.
Deus possível de mim mesmo
Que me sonha e é sonhado
Em alguma floresta
Ou bosque
Em quer me faço vento
E tempo sem nome
In nemeton...
ROAD
Não sei a origem do caminho
Ou a porta do meu destino
Que justifica os passos
Que pela vida derramo.
Perdi-me do ato
De me buscar
Para encontrar
No vento aberto a magia
De ser e escapar.
Não tenho posses,
Nem mesmo um rosto.
A estrada é meu lar,
Meu lugar labirinto
Entre ausências e vontades
Sem nome.
Sou no grito de cada momento
Chama e velocidade
Que se perde e realiza...
Light my fire....
Ou a porta do meu destino
Que justifica os passos
Que pela vida derramo.
Perdi-me do ato
De me buscar
Para encontrar
No vento aberto a magia
De ser e escapar.
Não tenho posses,
Nem mesmo um rosto.
A estrada é meu lar,
Meu lugar labirinto
Entre ausências e vontades
Sem nome.
Sou no grito de cada momento
Chama e velocidade
Que se perde e realiza...
Light my fire....
ABSTRAÇÃO DE EROS
Amo meus silêncios vividos,
Meus gritos estendidos
Sob ou sobre
A urbana noturna paisagem
Indiferente de agora.
Amo os sonhos
Que me sondam
A alma animal
Em infinitos de raios
E cores,
Que correm
Pelo pensamento
Até o riso do abismo
De não pensar.
O mundo, afinal,
É uma porta
Entre aberta em sonhos
De realidades herdadas.
Meus gritos estendidos
Sob ou sobre
A urbana noturna paisagem
Indiferente de agora.
Amo os sonhos
Que me sondam
A alma animal
Em infinitos de raios
E cores,
Que correm
Pelo pensamento
Até o riso do abismo
De não pensar.
O mundo, afinal,
É uma porta
Entre aberta em sonhos
De realidades herdadas.
terça-feira, 22 de abril de 2008
SHE'S LEAVING HOME
Ela abandonou suas paisagens vividas
como a personagem triste
de um qadro antigo.
Não deixou palavras ou saudades,
saiu de cena
como quem se ausenta
de um apartamento vazio.
Se quer lembro seu rosto
ou os passados que a inventaram
em meus dias.
Talvez nunca tenha existido
no saber de um sonho vivo
em noites de perdidas realidades.
como a personagem triste
de um qadro antigo.
Não deixou palavras ou saudades,
saiu de cena
como quem se ausenta
de um apartamento vazio.
Se quer lembro seu rosto
ou os passados que a inventaram
em meus dias.
Talvez nunca tenha existido
no saber de um sonho vivo
em noites de perdidas realidades.
IMANENCIA, INDIVIDUALIDADE E EXISTÊNCIA
A imanência, quando tomada como premissa básica para experiência do mundo vivido, conduz a uma espécie de “desrealização da realidade” ou desconstrução daquele informal principio de veracidade e certeza que sustenta nossas construções imaginais do real.
Nesta perspectiva, a vida humana torna-se um jogo simbólico, um fluir de significados e significações entre nossa consciência pessoal das coisas e as infinitas alternativas de configurações da consciência representadas pelos milhares de indivíduos com os quais direta e indiretamente interagimos na fantasia ilimitada do social.
Mas se tal fantasia tende para a afirmação de imagens totalizantes e de ordem, a intersubjetividade e reconhecimento do mundo humano como pluralidade caótica e complexa de individualidades, afirma a indeterminação e fluir como princípio da existência.
Nesta perspectiva, a vida humana torna-se um jogo simbólico, um fluir de significados e significações entre nossa consciência pessoal das coisas e as infinitas alternativas de configurações da consciência representadas pelos milhares de indivíduos com os quais direta e indiretamente interagimos na fantasia ilimitada do social.
Mas se tal fantasia tende para a afirmação de imagens totalizantes e de ordem, a intersubjetividade e reconhecimento do mundo humano como pluralidade caótica e complexa de individualidades, afirma a indeterminação e fluir como princípio da existência.
segunda-feira, 21 de abril de 2008
ALONE ON A HILL
Entre o desaparecimento do sol
E o nascer da noite
Existe um hiato,
um lugar
sem tempo e espaço
onde se perdem
imagens e sentimentos.
Pode-se sabê-lo
Como uma colina distante
Onde solidões afagam
Ilusões de mundo
E abandonadas infâncias.
Entre o dia e a noite
Um ponto mágico grita
Dentro do corpo do vento
Tudo aquilo que perdemos
Em sonhos que não nos queriam.
E o nascer da noite
Existe um hiato,
um lugar
sem tempo e espaço
onde se perdem
imagens e sentimentos.
Pode-se sabê-lo
Como uma colina distante
Onde solidões afagam
Ilusões de mundo
E abandonadas infâncias.
Entre o dia e a noite
Um ponto mágico grita
Dentro do corpo do vento
Tudo aquilo que perdemos
Em sonhos que não nos queriam.
O TEMPO E O DIA
Esqueço-me
No fundo do dia
Explorando as paisagens
De incompletos pensamentos.
Quase vontades visitam-me
Sem ânimo
Em metafísica preguiça
Ditando a paz de inércias.
Percorro-me de um ponto ao outro
Do limitado espaço etéreo
Em que sou existência.
Mas não encontro
Em qualquer parte
Algo além da marca
Do dia presente.
O futuro é agora
Uma ilusão distante
Que me esconde
O infinito do rosto
Fechado no tempo.
No fundo do dia
Explorando as paisagens
De incompletos pensamentos.
Quase vontades visitam-me
Sem ânimo
Em metafísica preguiça
Ditando a paz de inércias.
Percorro-me de um ponto ao outro
Do limitado espaço etéreo
Em que sou existência.
Mas não encontro
Em qualquer parte
Algo além da marca
Do dia presente.
O futuro é agora
Uma ilusão distante
Que me esconde
O infinito do rosto
Fechado no tempo.
domingo, 20 de abril de 2008
CINEMA E MITOLOGIA CONTEMPORÂNEA NA PRIMEIRA MEDADE DO SEC. XX
A importância e significado adquirido pelo cinema na primeira metade do séc. XX, as novas sensibilidades e imaginações originárias desta nova linguagem artística, diretamente relacionada ao impacto e transformações ocasionadas na vida cotidiana pelo processo de industrialização, é um dos mais vivos exemplos daquilo que podemos aqui denominar como mitologia moderna.
É bem verdade que nos dias de hoje não é com muita facilidade que apreendemos o significado do cinema para os homens da primeira metade do séc. XX, a mítica que envolvia os atores e atrizes da época.
Se hoje um ídolo do cinema não passa de uma mera celebridade mundana, até os anos 60 do último século, através do gramour ele era investido de uma aura sagrada, cultuado pelos seus milhões de admiradores como um verdadeiro deus entre os homens.
O próprio cinema de então, inspirado no old money, apostava deliberadamente em uma estética aristocrática e elitista emprestando a linguagem cinematográfica algo de onírico e mágico.
Basta pensar no verdadeiro culto e veneração ilimitada dedicado a atores como Betty Davis, Rodolfo Valentino, Greta Garbo, Hedy Lamar ou Marlene Dietrich para se ter uma idéia desta verdadeira religião laica que foi um dia a indústria de mitos e icones wollywoodianos.
Pode-se mais precisamente falar de uma religiosidade do desejo, do sex appeal, do luxo, da elegância, do poder e do romance projetados a uma grandeza infinita capaz de sensibilizar a imaginação de multidões em imagens de cinematógrafo.
É bem verdade que nos dias de hoje não é com muita facilidade que apreendemos o significado do cinema para os homens da primeira metade do séc. XX, a mítica que envolvia os atores e atrizes da época.
Se hoje um ídolo do cinema não passa de uma mera celebridade mundana, até os anos 60 do último século, através do gramour ele era investido de uma aura sagrada, cultuado pelos seus milhões de admiradores como um verdadeiro deus entre os homens.
O próprio cinema de então, inspirado no old money, apostava deliberadamente em uma estética aristocrática e elitista emprestando a linguagem cinematográfica algo de onírico e mágico.
Basta pensar no verdadeiro culto e veneração ilimitada dedicado a atores como Betty Davis, Rodolfo Valentino, Greta Garbo, Hedy Lamar ou Marlene Dietrich para se ter uma idéia desta verdadeira religião laica que foi um dia a indústria de mitos e icones wollywoodianos.
Pode-se mais precisamente falar de uma religiosidade do desejo, do sex appeal, do luxo, da elegância, do poder e do romance projetados a uma grandeza infinita capaz de sensibilizar a imaginação de multidões em imagens de cinematógrafo.
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