O fenômeno do nacionalismo coincide com o advento do iluminismo europeu e a desintegração do antigo regime em fins do séc. XVIII. Trata-se de um sistema cultural que, a partir do processo de secularização das sociedades e a gradativa separação entre o plano religioso e político inspirado pela reforma protestante, suplanta a religião enquanto sistema simbólico aglutinador das sociedades políticas através da difusão da formula estado nação. O contraditório deslocamento desta formula do centro do imaginário social, em certa medida cada vez mais definido pelo hibridismo e pluralismo cultural resultante das globalizações, tem impulsionado a construção de um imaginario neo- nacionalista que mais do que o mero revival deste referencial coletivo, parece buscar defini-lo em novos termos ainda não muito claros, mais de incontestável vocação excludente e totalitária.
Embora insuficiente em alguns pontos, a obra do inglês Benedict Anderson. Nação e Consciência Nacional, permanece sendo um referencial importante para o estudo do nacionalismo ( ou dos nacionalismos) ou da invenção do mito nacional.
A reflexão que ele nos propõe pode ser expressa sinteticamente na seguinte passagem:
“Dentro de um espírito antropológico, proponho, então, a seguinte definição para nação: ela é uma comunidade política imaginada- e imaginada como implicitamente limitada e soberana.
Ela é imaginada porque nem mesmo os membros das menores nações jamais conhecerão a maioria de seus compatriotas, nem os encontrarão, nem se quer ouvirão falar deles, embora na mente de cada um esteja viva a imagem de sua comunhão. (...)
As comunidades não devem ser destinguidas por sua falsidade / autenticidade, mas pelo estilo em que são imaginadas. Os aldeões javaneses sempre souberam que estavam ligados a pessoas que jamais haviam visto, mas tais vínculos eram outrora imaginados de maneira particularista- como malhas indefinidamente extensas de parentesco e de dependência. Até muito recentemente, a língua javanesa não possuía uma palavra para significar “sociedade”. Hoje podemos pensar na aristocracia francesa do ancien regime como uma classe; mas certamente ela só foi imaginada desse modo muito tardiamente.”
(Benedict Anderson. Nação e Consciência Nacional./ tradução de Lorio Lourenço de Oliveira. SP Editora Atica, Serie Temas Vol. 9, p.14 et seq.)
Embora insuficiente em alguns pontos, a obra do inglês Benedict Anderson. Nação e Consciência Nacional, permanece sendo um referencial importante para o estudo do nacionalismo ( ou dos nacionalismos) ou da invenção do mito nacional.
A reflexão que ele nos propõe pode ser expressa sinteticamente na seguinte passagem:
“Dentro de um espírito antropológico, proponho, então, a seguinte definição para nação: ela é uma comunidade política imaginada- e imaginada como implicitamente limitada e soberana.
Ela é imaginada porque nem mesmo os membros das menores nações jamais conhecerão a maioria de seus compatriotas, nem os encontrarão, nem se quer ouvirão falar deles, embora na mente de cada um esteja viva a imagem de sua comunhão. (...)
As comunidades não devem ser destinguidas por sua falsidade / autenticidade, mas pelo estilo em que são imaginadas. Os aldeões javaneses sempre souberam que estavam ligados a pessoas que jamais haviam visto, mas tais vínculos eram outrora imaginados de maneira particularista- como malhas indefinidamente extensas de parentesco e de dependência. Até muito recentemente, a língua javanesa não possuía uma palavra para significar “sociedade”. Hoje podemos pensar na aristocracia francesa do ancien regime como uma classe; mas certamente ela só foi imaginada desse modo muito tardiamente.”
(Benedict Anderson. Nação e Consciência Nacional./ tradução de Lorio Lourenço de Oliveira. SP Editora Atica, Serie Temas Vol. 9, p.14 et seq.)