Meu tempo corre
Na contramão dos fatos.
É quase uma ilusão verdadeira,
Onde espero passivo
Um dia
De não pensamento,
De silêncio de idéias
Em bucólicas paisagens
De sítios de sonhos.
Meu tempo é a espera
Do primeiro dia
Do resto de toda a vida
Possível.
Este Blog é destinado ao exercicio ludico de construção da minima moralia da individualidade humana; é expressão da individuação como meta e finalidade ontológica que se faz no dialogo entre o complexo outro que é o mundo e a multiplicidade de eus que nos define no micro cosmos de cada individualidade. Em poucas palavras, ele é um esforço de consciência e alma em movimento...entre o virtual, o real, o simbolo e o sonho.
segunda-feira, 19 de novembro de 2007
domingo, 18 de novembro de 2007
GEORGE STEINER E A PÒS CULTURA
Em fins dos anos 60, quando eram esboçadas as primeiras tentativas de conceituação de uma ficção pós moderna, o crítico literário George Steiner, inspirado pelas “Notas para Redefinição de Cultura” de Eliot ( 1948), formulava o conceito de Pós cultura, buscando dar conta de um conjunto de fenômenos que apontavam para uma profunda transformação no imaginário ocidental.
Parafraseando o autor, o constructo clássico do discurso e a centralidade da palavra, inspiradores de um sistema hierárquico de valores que definiam a própria essência da sociedade ocidental, viu-se abalado ao longo do séc. XX, não apenas pelas vanguardas dos anos 20, mas também pela “contra-cultura” dos beatnik, Graffiti, Stoned ( chapados), etc. que delimitavam uma nova linguagem e padrão de experiência que não mais tinham como centro a palavra.
Como esclarece o próprio autor:
“Essas mudanças, de uma cultura dominante a uma pós ou subcultura, expressa-se em um “afastamento da palavra” generalizado. Vista a partir de alguma futura perspectiva histórica, a civilização ocidental, desde suas origens greco-hebraicas até mais ou menos o presente, pode assemelhar-se a uma fase de “verbalismo” concentrado. O que nos parecem ser distinções relevantes podem dar a impressão de ter sido parte de uma era geral em que o discurso falado, evocado e escrito era a coluna vertebral da consciência. Um lugar-comum da atual sociologia e do “estudo da mídia” diz que essa primazia da “lógica”- daquilo que organiza as articulações de tempo e de significado em torno ao logos- está chegando ao final. Cada vez mais a palavra é uma legenda para a imagem. Crescentes áreas da realidade e da sensibilidade , de modo especial nas ciências exatas e nas artes não- figurativas, estão fora do alcance do relato verbal e da paráfrase. As notações da lógica simbólica, a linguagem da matemática e da computação deixaram de ser metadialetos, submetidos e reduzíveis à percepção verbal. Elas são modos comunicacionais autônomos, que reivindicam e expressam por si mesmos crescente área de buscas ativas e contemplativas. As palavras estão corroídas pelas falsas esperanças e pelas mentiras que elas, as palavras, veiculam. O alfabeto eletrônico da comunicação e da “proximidade” [ “togetherness”] imediatas e globais não é o antigo e cismático legado de Babel, mas a imagem em ação.”
( Georg Steiner. No Castelo do Barba Azul: Algumas notas para a redefinição da cultura./ Tradução : Tomas Rosa Bueno; SP: Companhia das Letras, 1991, p. 122 )
Parafraseando o autor, o constructo clássico do discurso e a centralidade da palavra, inspiradores de um sistema hierárquico de valores que definiam a própria essência da sociedade ocidental, viu-se abalado ao longo do séc. XX, não apenas pelas vanguardas dos anos 20, mas também pela “contra-cultura” dos beatnik, Graffiti, Stoned ( chapados), etc. que delimitavam uma nova linguagem e padrão de experiência que não mais tinham como centro a palavra.
Como esclarece o próprio autor:
“Essas mudanças, de uma cultura dominante a uma pós ou subcultura, expressa-se em um “afastamento da palavra” generalizado. Vista a partir de alguma futura perspectiva histórica, a civilização ocidental, desde suas origens greco-hebraicas até mais ou menos o presente, pode assemelhar-se a uma fase de “verbalismo” concentrado. O que nos parecem ser distinções relevantes podem dar a impressão de ter sido parte de uma era geral em que o discurso falado, evocado e escrito era a coluna vertebral da consciência. Um lugar-comum da atual sociologia e do “estudo da mídia” diz que essa primazia da “lógica”- daquilo que organiza as articulações de tempo e de significado em torno ao logos- está chegando ao final. Cada vez mais a palavra é uma legenda para a imagem. Crescentes áreas da realidade e da sensibilidade , de modo especial nas ciências exatas e nas artes não- figurativas, estão fora do alcance do relato verbal e da paráfrase. As notações da lógica simbólica, a linguagem da matemática e da computação deixaram de ser metadialetos, submetidos e reduzíveis à percepção verbal. Elas são modos comunicacionais autônomos, que reivindicam e expressam por si mesmos crescente área de buscas ativas e contemplativas. As palavras estão corroídas pelas falsas esperanças e pelas mentiras que elas, as palavras, veiculam. O alfabeto eletrônico da comunicação e da “proximidade” [ “togetherness”] imediatas e globais não é o antigo e cismático legado de Babel, mas a imagem em ação.”
( Georg Steiner. No Castelo do Barba Azul: Algumas notas para a redefinição da cultura./ Tradução : Tomas Rosa Bueno; SP: Companhia das Letras, 1991, p. 122 )
DELIRIO CRONOLÓGICO
O futuro do meu presente
É o passado imperfeito
De um sonho ingênuo.
Pois escrevo-me no tempo
nas sombras dos fatos
que me arrastam
as margens das horas e rumos
de onde contemplo
as infinitas águas
do finito da vida
entre o agora e o outrora
que me observam distantes
pela porta
da alma dos fundos.
É o passado imperfeito
De um sonho ingênuo.
Pois escrevo-me no tempo
nas sombras dos fatos
que me arrastam
as margens das horas e rumos
de onde contemplo
as infinitas águas
do finito da vida
entre o agora e o outrora
que me observam distantes
pela porta
da alma dos fundos.
PERDIDO PENSAMENTO
Entre as vielas e vozes
Da tarde aberta
Caiu um pensamento
Que sustentava
Um céu quase certo.
Perdeu-se ali com ele
Alguma descartável
Certeza de vida,
Alguma presunçosa verdade
Que de tão profunda
Abandonou-se ao vento
E abraçou
O gratuito esquecimento
Em um segundo
De intensa e irrefletida vida.
Da tarde aberta
Caiu um pensamento
Que sustentava
Um céu quase certo.
Perdeu-se ali com ele
Alguma descartável
Certeza de vida,
Alguma presunçosa verdade
Que de tão profunda
Abandonou-se ao vento
E abraçou
O gratuito esquecimento
Em um segundo
De intensa e irrefletida vida.
terça-feira, 13 de novembro de 2007
SENTIR-SE
Indiferentes
Ao assédio do sol
Meus eus dispersos
Em vastos desertos internos
Encontram o sono da vida
E o sonho de espelho
Na face da lua,
Vislumbram
A irrealidade do mundo
Diante do sentimento
De mim mesmo
Perdido em palavras
E deitado no vento
De vontades urgentes
Ao assédio do sol
Meus eus dispersos
Em vastos desertos internos
Encontram o sono da vida
E o sonho de espelho
Na face da lua,
Vislumbram
A irrealidade do mundo
Diante do sentimento
De mim mesmo
Perdido em palavras
E deitado no vento
De vontades urgentes
SHAKESPEARE E O RENASCIMENTO INGLÊS
O renascimento inglês, se comparado ao caso italiano, pode ser considerado um fenômeno tardio. Os dois condicionantes, por assim dizer, de sua ocorrência seriam a ascensão ao poder da Dinastia Tudor, com Henrique VII em 1485, e a difusão do calvinismo ou as conseqüentes tensões e disputas religiosas que marcariam especialmente o séc.XVI. Cabe ainda ressaltar que no caso inglês a “cultura renascentista” circunscreveu-se a expressão musical e literária, atingindo sua mais representativa realidade através do chamado Teatro Elisabetano. Assim sendo, não deve causar estranheza a afirmação de que Shakespeare ( 1564-1618) foi definitivamente um dos mais significativos e expressivos artistas renascentistas de toda a Europa. Talvez aquele que, mais do que qualquer outro, ao dizer os dilemas, angustias e imaginações do seu tempo, foi capaz de dizer, para alem de sua própria época, os labirintos da condição humana.
Através de seus sonetos, comédias e tragédias, Shakespeare construiu uma obra ambivalente e paradoxal; a um só tempo popular e erudita, medieval e moderna, mas acima de tudo vertiginosamente humana...
Evidentemente esta é apenas a primeira referência ao velho bardo neste blog, algo abaixo de uma introdução e um pouco acima de um comentário.
Através de seus sonetos, comédias e tragédias, Shakespeare construiu uma obra ambivalente e paradoxal; a um só tempo popular e erudita, medieval e moderna, mas acima de tudo vertiginosamente humana...
Evidentemente esta é apenas a primeira referência ao velho bardo neste blog, algo abaixo de uma introdução e um pouco acima de um comentário.
terça-feira, 6 de novembro de 2007
NOTURNO
Lembro-me
Do novo de coisas antigas
Que provei em
Noites distantes.
Momento em que
Um vento se fazia
Vivência de algo ausente,
Um vazio a povoar
E percorrer memórias,
A decorar a casa e o corpo
Na embriagues do infinito
Em movimento.
Do novo de coisas antigas
Que provei em
Noites distantes.
Momento em que
Um vento se fazia
Vivência de algo ausente,
Um vazio a povoar
E percorrer memórias,
A decorar a casa e o corpo
Na embriagues do infinito
Em movimento.
BEATLES E A MAGIA DE Sgt. PEPPER'S
Ruber Soul e Revolver demarcam um momento de transição na musicalidade dos Beatles. Se até então eles poderiam ser considerados um fenômeno musical adolescente, dentre outros, encontravam-se então, convertidos em banda de estúdio, prestes a transmutarem-se no fabulous four que mudariam para sempre o cenário musical do rock mundial.
Cabe observar que músicais como Taxman, Tomorrow never Knows e Yellow Submarine, já introduziam, mesmo que ainda discretamente, uma nova poética e musicalidade que seria levada as últimas conseqüências em 1967 com o lançamento do explosivo Sgt. Pepper’s Lonery Hearts Club Band.
Difícil para mim aqui enumerar todas as inovações então apresentadas pelos Beatles nesse ousado trabalho. Sgt. Pepper’s é na verdade um grande teatro alegórico onde o virtual espetáculo de uma banda imaginária dá o tom de uma viagem musical psicodélica em treze faixas quase encadeadas em um só fôlego, dada a ausência de intervalo entre elas, que reúnem uma diversidade sem paralelos de estilos, desde música indiana, erudita, folk, vaudeville, efeitos especiais, etc.
A própria capa do álbum já é suficiente para causar perplexidade com os Beatles fantasiados com uniformes coloridos, cercados de personalidades famosas e enigmáticas, além das referências cifradas a morte de Paul McCartney.
O mais curioso é que a audição de faixas como Lucy in the sky with diamonds ou With a little help from my friends nos dias de hoje não provoca o estranhamento de estarmos diante de um monumento sonoro do passado, mas a surpresa de uma música, ainda nos dias de hoje, contemporânea, capaz de criar uma espécie de “não lugar”, ou comunicar com toda força a metalinguagem musical que define as mais universais criações artísticas de todos os tempos.
Cabe observar que músicais como Taxman, Tomorrow never Knows e Yellow Submarine, já introduziam, mesmo que ainda discretamente, uma nova poética e musicalidade que seria levada as últimas conseqüências em 1967 com o lançamento do explosivo Sgt. Pepper’s Lonery Hearts Club Band.
Difícil para mim aqui enumerar todas as inovações então apresentadas pelos Beatles nesse ousado trabalho. Sgt. Pepper’s é na verdade um grande teatro alegórico onde o virtual espetáculo de uma banda imaginária dá o tom de uma viagem musical psicodélica em treze faixas quase encadeadas em um só fôlego, dada a ausência de intervalo entre elas, que reúnem uma diversidade sem paralelos de estilos, desde música indiana, erudita, folk, vaudeville, efeitos especiais, etc.
A própria capa do álbum já é suficiente para causar perplexidade com os Beatles fantasiados com uniformes coloridos, cercados de personalidades famosas e enigmáticas, além das referências cifradas a morte de Paul McCartney.
O mais curioso é que a audição de faixas como Lucy in the sky with diamonds ou With a little help from my friends nos dias de hoje não provoca o estranhamento de estarmos diante de um monumento sonoro do passado, mas a surpresa de uma música, ainda nos dias de hoje, contemporânea, capaz de criar uma espécie de “não lugar”, ou comunicar com toda força a metalinguagem musical que define as mais universais criações artísticas de todos os tempos.
segunda-feira, 5 de novembro de 2007
ROCK E CULTURA MUSICAL
Pode-se-ia escrever a História do Séc. XX exclusivamente através de sua música. Para muitos foi um século inconvenientemente barulhento, onde a urbanização crescente somada ao avanço tecnológico povoou o cotidiano humano de uma ilimitada e caótica quantidade de sons e ruídos a ponto de transformar ou “transtornar” a sensibilidade coletiva de modo realmente sem procedentes.
Abordando um ponto especifico da cacofonia moderna, diria que a reprodutividade técnica ilimitada de execuções musicais desmistificou e desritualizou a experiência musical ao tornar possível, em qualquer lugar e hora do dia, preencher nossas vidas e momentos com música. Sem isso seria impossível pensá-la como como um elemento produtor de sociabilidade, de exercício de vida interior em êxtase participatório ou comunitário que em alguma medida realiza o não verbal da vida e de nossa condição humana.
Foi através da difusão do radio e depois do long play que a sonoridade converteu-se em suporte de uma cultura, em um habito social identificado principalmente com os jovens e seus acervos musicais cultivados com tanto gosto e carinho como antes se mantinha uma biblioteca. Mas foi nos Estados Unidos e na Europa do pós guerra que essa nova cultura consolidou-se definitivamente com o advento do Rock in Roll iniciando um dos fenômenos mais curiosos do século.
Abordando um ponto especifico da cacofonia moderna, diria que a reprodutividade técnica ilimitada de execuções musicais desmistificou e desritualizou a experiência musical ao tornar possível, em qualquer lugar e hora do dia, preencher nossas vidas e momentos com música. Sem isso seria impossível pensá-la como como um elemento produtor de sociabilidade, de exercício de vida interior em êxtase participatório ou comunitário que em alguma medida realiza o não verbal da vida e de nossa condição humana.
Foi através da difusão do radio e depois do long play que a sonoridade converteu-se em suporte de uma cultura, em um habito social identificado principalmente com os jovens e seus acervos musicais cultivados com tanto gosto e carinho como antes se mantinha uma biblioteca. Mas foi nos Estados Unidos e na Europa do pós guerra que essa nova cultura consolidou-se definitivamente com o advento do Rock in Roll iniciando um dos fenômenos mais curiosos do século.
CRÔNICA RELÂMPAGO XIII
Tudo na vida depende de tempo. Algumas coisas exigem mais tempo do que gostaríamos para desembocarem em realidades vividas e, não raramente, o fazem de modo diverso daquele que imaginávamos ou pretendíamos. A vida é como um jogo de xadrez onde nunca conseguimos antecipar satisfatoriamente os movimentos do adversário que é o nosso próprio destino, algo que surpreendentemente encontra-se dentro de nós mesmos e não na infinidade de questões e situações que nos povoam no palco do tempo humano.
Tudo na vida depende de tempo... porque só sabemos de nossas ansiedades e imediatas necessidades anímicas no cultivo de idealizados rostos e auto imaginações refletidas na face dos dias. Ignoramos imprudentemente as astúcias e segredos saturnais....
Tudo na vida depende de tempo... porque só sabemos de nossas ansiedades e imediatas necessidades anímicas no cultivo de idealizados rostos e auto imaginações refletidas na face dos dias. Ignoramos imprudentemente as astúcias e segredos saturnais....
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