terça-feira, 6 de novembro de 2007

BEATLES E A MAGIA DE Sgt. PEPPER'S


Ruber Soul e Revolver demarcam um momento de transição na musicalidade dos Beatles. Se até então eles poderiam ser considerados um fenômeno musical adolescente, dentre outros, encontravam-se então, convertidos em banda de estúdio, prestes a transmutarem-se no fabulous four que mudariam para sempre o cenário musical do rock mundial.
Cabe observar que músicais como Taxman, Tomorrow never Knows e Yellow Submarine, já introduziam, mesmo que ainda discretamente, uma nova poética e musicalidade que seria levada as últimas conseqüências em 1967 com o lançamento do explosivo Sgt. Pepper’s Lonery Hearts Club Band.
Difícil para mim aqui enumerar todas as inovações então apresentadas pelos Beatles nesse ousado trabalho. Sgt. Pepper’s é na verdade um grande teatro alegórico onde o virtual espetáculo de uma banda imaginária dá o tom de uma viagem musical psicodélica em treze faixas quase encadeadas em um só fôlego, dada a ausência de intervalo entre elas, que reúnem uma diversidade sem paralelos de estilos, desde música indiana, erudita, folk, vaudeville, efeitos especiais, etc.
A própria capa do álbum já é suficiente para causar perplexidade com os Beatles fantasiados com uniformes coloridos, cercados de personalidades famosas e enigmáticas, além das referências cifradas a morte de Paul McCartney.
O mais curioso é que a audição de faixas como Lucy in the sky with diamonds ou With a little help from my friends nos dias de hoje não provoca o estranhamento de estarmos diante de um monumento sonoro do passado, mas a surpresa de uma música, ainda nos dias de hoje, contemporânea, capaz de criar uma espécie de “não lugar”, ou comunicar com toda força a metalinguagem musical que define as mais universais criações artísticas de todos os tempos.

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