sexta-feira, 7 de junho de 2024

QUASE MORTO

Não posso saber tudo que quero,
 nem ter tudo aquilo que acho que preciso.
A vida é uma queda cega em mil precipícios
onde tudo escapa.

 Estou permanentemente em esboço.
Nunca sou eu mesmo
ou idêntico a mim mesmo.
Sou múltiplo e desconjuntado.
Nada me basta.

 Minha essência é nada.
 Minha natureza o vazio 
e meu tempo é quando.

Sou no movimento descendente e urgente do equilíbrio do  meu corpo.
Sempre meio vivo, meio morto.

Só sei que respiro
e meu coração 
bate torto.

Sou  nas encruzilhadas,
pois, transitório entre as coisas,
quase existo
e persisto,
 onde desisto
ou quase 
já estou morto.






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