domingo, 16 de julho de 2023

HABITANDO SILÊNCIOS

Eu me escondo no silêncio
que cresce enquanto lhe falo
e desaparece quando me calo.

Ele é feito de tudo que ignoro,
daquilo que me escapa 
nas coisas que acredito,
no tolo  cultivo de pequenas certezas
que doméstica o desconhecido.

Sei que dentro dos meus pensamentos
crescem desertos até o infinito
da morte,
misturando convicções e desconhecimentos
na abstrata geografia dos enunciados e descrenças.

Nada do que fui ou serei persiste no devir do mundo.
Não há futuro para quem fui ou no que acreditei e disse.
Existir, afinal, é incerto e impreciso
na ilusão da vida.
Não habitamos mais em nossos enunciados.
Por isso estamos sempre nos escondendo no silêncio
contra o vazio de todos os discursos.




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