quarta-feira, 9 de fevereiro de 2022

DESPERSONALIZAÇÃO E NEO PRIMITIVISMO FANTÁSTICO

Talvez "eu" seja apenas um traço constante de percepção e consciência, um organismo abstrato e despersonalizado, exteriorizado em mundo, movimento, e linguagem.
Existimos impessoalmente ao sabor dos afetos, na sucessão da variação, na duração de um único instante mutante.
Talvez eu seja nos outros um outro de mim mesmo no indeterminado exercício de estar provisiriamente vivo.
Talvez, toda matéria semiótica que nos significa a vida seja a  realidade de nossa ilusão primaria, ou, ainda, seja a desnaturalização civilizacional da sobrevivência, da persistência, que me faz animal vivente, imerso em natureza e alienado dela no exercício do verbo que aprisiona o corpo.
Talvez eu seja um uivo encarnado e silenciado de um outro ser perdido em multiversos.


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