O aclamado filme Melancolia do diretor Lars von Trier, é um lançamento de 2011, mas nunca nos pareceu tão próximo de nossa experiência presente em rotinas pandemicas.
Afinal, o filme afirma uma saída trágica, a potência criadora da melancolia, diante de um cenário catastrófico, no caso o desaparecimento da humanidade diante de um evento cósmico.
Na condição trágica, o pensamento deixa de ser um dispositivo de poder saber, uma forma de assujeitamento ao domínio logocentrico domesticador de um mundo dito possível e desejável apesar de todo caos que alimenta a manutenção de uma ordem disfuncional, nos confrontando com o intempestivo e o inesperado do impossível.
Evocando Nietzsche, em sua dimensão trágica, o pensar se reinventa em sua condição extra moral contra as artimanhas do intelecto, na contramão dos jogos de confissão e dizer verdadeiro, na afirmação de valores que definem o sedentarismo do campo social.
É sobre isso que o filme em questão, um drama filosófico e existencial, sobre a fragilidade de nossa condição humana, revela -se de alguma maneira, intenso no dizer de nós mesmos.
O sentimento de desamparo, de fragilidade, nos transmita no inumano dentro de nós, nos obriga a sentir e criar, a saber corporalmente a vida, no além de nossas abstratas e desmedidas estratégias épicas egoicas de mera sobrevivência possível é impostas pela consciência moderna de mundo.
Nosso saber melancolia, limites e fragilidades, nos desafiam através do trágico devir de nós mesmos, a inventar outros mundos contra as grades do imediato do tempo presente na afirmação concreta e transgressora de nossa finitude.