segunda-feira, 2 de setembro de 2019

SOBRE CONSCIÊNCIA E EXISTÊNCIA



É impossível separar consciência e existência na produção da vida através de seus efeitos. A consciência inventa a existência na mesma medida em que a existência inventa a consciência. Ambas se fundem em memória, em sentimento e ação. São expressão do corpo, do meio, em suas múltiplas intercessões de processos vitais, arranjos e metamorfoses.

No grande mosaico da natureza, há apenas encontros dentro de encontros até o infinito das conjunções hipotéticas. Tudo se interpenetra.

Cada um de nós é um ponto de interseção, um improvável arranjo que se inventa e reinventa a todo momento. Não sei o efeito de ser o que sou, pois sofro o efeito de tudo que me compõem como detalhe e paisagem, dentro e fora. Não há, portanto, propósito em definições sobre o eu ou o intelecto isolado do meio. Existir é ser a vontade que circula e age através de cada coisa. É ser tudo e não ser nada. É saber um mundo no grão de areia que sofre a praia. Cada arranjo provisório de coisas da natureza é um efeito e um micro universo de coisas em transição.

Tudo isso nos deixa perplexos diante da vida. Afinal, nenhuma definição de vida da conta da experiencia de viver. Nada vive em si mesmo.  A vida escapa a linguagem na composição de existências, na interseção do orgânico e do inorgânico.         

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