Em toda sociedade vigora uma
prosa do mundo que se opõe a cultura erudita (livresca) e as suas polêmicas e
disputas em torno da questão da verdade como norma de vida. De um modo geral as pessoas não tomam como referência a sofisticação acadêmica
em seus engajamentos cognitivos e convenções de verdade. Buscam, ao contrário, o conforto e o
sedentarismo do senso comum, onde as palavras funcionam apenas como uma convenção
útil e necessária ao convívio humano, onde é possível viver de pequenas e
cotidianas certezas verbais.
O senso comum é uma forma de
representação coletiva do mundo orientada pelo razoável e por certo
pragmatismo. Não exige grande lapidação intelectual e nem se coloca questionamentos
muito profundos. Prima apenas pelo equilíbrio e pelo bom senso, mas, não
raramente, confronta com a pretensão a verdade dos eruditos e suas novidades,
dado que é necessariamente conformista e baseado em generalizações amplas.
Fugir ao senso comum é habitar seu próprio discurso indiferente a
prosa do mundo e as conformações de uma época. É inventar-se através do
aprendizado de dizer a si mesmo. Mas isso também significa fugir aos lugares
comuns da erudição e exige muta experimentação.
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