segunda-feira, 8 de janeiro de 2018

O SENSO COMUM COMO PROSA DO MUNDO

Em toda sociedade vigora uma prosa do mundo que se opõe a cultura erudita (livresca) e as suas polêmicas e disputas em torno da questão da verdade como norma de vida. De um modo geral as pessoas não tomam como referência a sofisticação acadêmica em seus engajamentos cognitivos e convenções de verdade. Buscam, ao contrário, o conforto e o sedentarismo do senso comum, onde as palavras funcionam apenas como uma convenção útil e necessária ao convívio humano, onde é possível viver de pequenas e cotidianas certezas verbais.

O senso comum é uma forma de representação coletiva do mundo orientada pelo razoável e por certo pragmatismo. Não exige grande lapidação intelectual e nem se coloca questionamentos muito profundos. Prima apenas pelo equilíbrio e pelo bom senso, mas, não raramente, confronta com a pretensão a verdade dos eruditos e suas novidades, dado que é necessariamente conformista e baseado em generalizações amplas.

Fugir ao senso comum é  habitar seu próprio discurso indiferente a prosa do mundo e as conformações de uma época. É inventar-se através do aprendizado de dizer a si mesmo. Mas isso também significa fugir aos lugares comuns da erudição e exige muta experimentação.


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