sexta-feira, 6 de outubro de 2017

AGENCIAMENTO E IMANÊNCIA

Em Deleuze o conceito de agenciamento entrelaça um regime de signos com um conjunto de relações materiais correspondentes. A existência, enquanto imanência, acontece através de variados  agenciamentos sociais definidos por códigos específicos. Todo agenciamento remete ao campo do desejo, sob o qual se constiui na polaridade entre a forma de maquina abstrata (instituições) e das relações de força. Os agenciamentos produzem os enunciados que são um jogo do fora de nós, do coletivo. Assim, não existe sujeito do enunciado.
Como Deleuze define em seus Dialogos com Claire Parnet

“O que é um agenciamento? É uma multiplicidade que comporta muitos termos heterogêneos e que estabelece ligações, relações entre eles, através das idades, sexos, reinos - de naturezas diferentes. Assim, a única unidade do agenciamento é o co-funcionamento: é a simbiose, uma ‘simpatia’”.

Como experiência da imanência os agenciamentos assim se caracterizam:

"Segundo um primeiro eixo, horizontal, um agenciamento comporta dois segmentos, um de conteúdo, outro de ex­pressão. De um lado ele é agenciamento maquínico de cor­pos, de ações e de paixões, mistura de corpos reagindo uns sobre os outros; de outro, agenciamento coletivo de enunciação, de atos e de enunciados, transformações incorpóreas atri­buindo-se aos corpos. Mas, segundo um eixo vertical ori­entado, o agenciamento tem ao mesmo tempo lados territo­riais ou reterritorializados, que o estabilizam, e pontas de desterritorialização que o impelem." 

Não há fronteira definida entre o subjetivo e o mecânico 

na abstração do agente que intervém no mundo, que 

estabelece seu contorno através da construção do 

sentido, através do vagante de mutações imagéticas que

 nos configuram em meio ao devir coletivo como 

territorialização constantemente impelida a sua própria 

transcendência.




Todo desejo é maquinado ou agenciado revela o 

estatuto paradoxal de qualquer acontecimento possível. 

Como apontado no inicio, o agenciamento remete a uma 

reciprocidade entre a 

forma do conteúdo (regime maquínico) e a forma de 

expressão (regime de signos).

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