Tendemos a tomar o imediato do
agora como um momento crucial e emblemático. Projetamos nele nossas ansiedades
e o tomamos sempre como marco de rupturas e transformações. Afinal, diferente
do passado e do futuro, o tempo presente é caracterizado pela ação, pelo
acontecimento bruto e concreto. É onde as coisas efetivamente acontecem, tanto
para o bem quanto para o mal.
Mas não necessariamente o
presente é sinônimo de transformação. Sua dinâmica pode guardar inercias,
continuidades e muito pouco potencial transformador. Nossa época não
necessariamente é o momento máximo e
privilegiado de um suposto “processo histórico” onde nos encontramos
constantemente as margens de um futuro condicionado a realização e emancipação
da humanidade, tal como proposto pelo pensamento pós hegeliano, especialmente
em sua vertente marxiana.
É, ao contrário, atualmente muito
difícil vislumbrar um propósito racional ou teleologicamente orientado em nosso convulso acontecer coletivo;muito
menos vislumbrar um progressivo
desenvolvimento linear, positivo, da
cultura humana. Em que pese o fascínio despertado pelos avanços tecnológicos e
tensões geo politicas,que em muito definem
o jogo de xadrez mundial,não estamos avançado para nenhum ponto ideal do
acontecer da humanidade. Pelo contrário, toda a historia humana nunca inspirou
tamanho desencanto e ceticismo.....
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