A ideia de continuidade, de processo, de acumulação, que caracteriza a consciência histórica, é uma fantasia desastrosa legada pelo imaginário dogmático e cientificista dos oitocentos. Pois o existir humano é feito de descontinuidades, singularidades e ilegíveis silêncios de significação.
Uma dada época não se comunica com suas sucessoras, assim como uma configuração cultural circunscrita a uma sociedade e tempo não se relaciona com suas próprias mutações em termos de causalidade, mas toma a si mesma como um parâmetro absoluto.
A história humana é um verdadeiro caos onde o passado não informa o tempo presente, nem mesmo em termos pedagógicos, mas o contradiz na exata medida em que é domesticado pela consciência histórica do momento e suas urgências e parcialidades.
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