terça-feira, 16 de julho de 2013

DOIS FRAGMENTOS SOBRE CONTEMPORANEIDADE E CULTURA OCIDENTAL

Em toda historia da humanidade nenhuma outra cultura engendrou tão profundamente em seu dinamismo sua própria desconstrução como no caso da civilização ocidental. A barbárie representada pelas duas grandes guerras do século XX é a mais crua expressão de suas  contradições, da fratura simbólica  definida pela dissociação entre vida cultural e material, entre a existência como projeção coletiva e como experiência singular que dilacera o Ocidente.
Na cultura ocidental o virtual é a essência do próprio real enquanto potencia, enquanto aquilo que nunca foi, permanecendo como um abstrato e vazio ideal que, entretanto, persiste equivocadamente como realidade  figurada. Vive-se, assim, do que não se é, contra todos os absurdos da realidade cotidiana.


Apesar da aparente ordem das coisas, nossas angustias, medos, frustrações, repressões e vontades estão longe do apaziguamento pretendido pela jaula cultural. Poder-se-ia dizer mesmo que nos lançamos cada vez mais ao domínio selvagem do extraterritorial de uma pós cultura. 

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 Na cultura ocidental ordem e barbárie coincidem de tal forma que o crime é apenas uma questão de formalidade. Pois as pequenas e grandes perversões são amplamente praticadas na esfera privada, aceitáveis, desde que realizadas fora do alcance dos olhos da multidão para qual, diga-se de passagem, o comportamento ideal estipulado pelas convenções éticas não passam de fachada e aquilo que é convencionalmente certo ou  errado é mera  questão de conveniência. Não há limites em tal cultura para  o exercício do primitivismo.
 

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