quinta-feira, 18 de julho de 2013

DESILUSÃO

Quando o mundo
Acordou
Para os meus sonhos
Tinha abandonado
Minhas ilusões,
Já não precisava
Ser feliz
Ou acalentar certezas
No coração.
Precisava apenas
Erguer os olhos ao nada
E seguir sem rumo
Pelo deserto das imaginações.

terça-feira, 16 de julho de 2013

DOIS FRAGMENTOS SOBRE CONTEMPORANEIDADE E CULTURA OCIDENTAL

Em toda historia da humanidade nenhuma outra cultura engendrou tão profundamente em seu dinamismo sua própria desconstrução como no caso da civilização ocidental. A barbárie representada pelas duas grandes guerras do século XX é a mais crua expressão de suas  contradições, da fratura simbólica  definida pela dissociação entre vida cultural e material, entre a existência como projeção coletiva e como experiência singular que dilacera o Ocidente.
Na cultura ocidental o virtual é a essência do próprio real enquanto potencia, enquanto aquilo que nunca foi, permanecendo como um abstrato e vazio ideal que, entretanto, persiste equivocadamente como realidade  figurada. Vive-se, assim, do que não se é, contra todos os absurdos da realidade cotidiana.


Apesar da aparente ordem das coisas, nossas angustias, medos, frustrações, repressões e vontades estão longe do apaziguamento pretendido pela jaula cultural. Poder-se-ia dizer mesmo que nos lançamos cada vez mais ao domínio selvagem do extraterritorial de uma pós cultura. 

 @ 

 Na cultura ocidental ordem e barbárie coincidem de tal forma que o crime é apenas uma questão de formalidade. Pois as pequenas e grandes perversões são amplamente praticadas na esfera privada, aceitáveis, desde que realizadas fora do alcance dos olhos da multidão para qual, diga-se de passagem, o comportamento ideal estipulado pelas convenções éticas não passam de fachada e aquilo que é convencionalmente certo ou  errado é mera  questão de conveniência. Não há limites em tal cultura para  o exercício do primitivismo.
 

domingo, 14 de julho de 2013

O ANDARILHO



Sem qualquer razão

O andarilho

Seguia em frente.

Pura e simplesmente

Se reinventava

Em cada passo

Se desfazendo

Aos poucos

Pelo caminho.

Sozinho e sem sentimenos

Ele escutava apenas

O eco de sua  própria voz

E caminhava....

 

sexta-feira, 12 de julho de 2013

MERCANTILIZAÇÃO SIMBOLICA

A degradação da esfera pública é proporcional à deterioração da dimensão privada da vida. Ambos os processos estão associados à franca decadência do individuo, a sua decomposição ou redução á unidade numérica e mimética do amorfo da massa e da coletividade articulada pelo “consumo”.
Já não é novidade a redução de todos à condição de consumidores, não propriamente no sentido mercantil da palavra, mas em sua dimensão simbólica e intersubjetiva. Consumimos o próprio desejo no aprendizado social da necessidade e do querer, na nossa  conversão a condição de artificio, de predicado de grandezas simbolicas.
Somos hoje meros apêndices das significações das coisas, seus instrumentos, suas moedas absolutas.

quarta-feira, 10 de julho de 2013

O DESESPERO DAS PALAVRAS

Palavras dilaceradas,
Mutiladas
E sanguinolentas
Espalhadas pela pessoal
Gramatica das mais nervosas
Imaginações
Não encontram o abrigo
Da folha em branco,
Não encontram gritos
Em olhos nervosos
Ou a determinação
De qualquer propósito.
Apenas acontecem
Na desarticulação
Mais profunda dos dias.

segunda-feira, 8 de julho de 2013

MANHÃ TRISTE

Esperava uma manhã sem surpresas,
Algumas horas serenas
Onde a cidade aberta em tantas paisagens
Me abrigasse de mim mesmo.
Esperava desesperadamente
Não estar tão profundamente
Embriagado de vontades
E poder olhar o mundo
Sem as lentes do pensamento.

sexta-feira, 5 de julho de 2013

SENTIMENTO TRÁGICO

Durante anos nada esperei da existência.
Apenas vivi sofrendo o pouco de realidade
Que me ofereciam os dias.
Não cultivei pretensões  vazias
De louros e glórias.

Bastava-me um canto qualquer
De sombra
Para deitar sensações e pensamentos.

Infelizmente,
Com o passar do tempo
Fui perdendo o pouco
Que tinha,
Deixando pra trás
Tudo que me importava,
Buscando fugir
Do destino,
 Do vazio dos dias
E silêncios do mundo
Tentando aprender a ser
O que eu jamais seria.

quinta-feira, 4 de julho de 2013

O NÃO SENTIDO DA VIDA

Todas as coisas que através de mim acontecem não se explicam por qualquer determinação da minha vontade. Elas simplesmente ocorrem por imperativo do acaso em um amontoado informe de sensações, pensamentos, pessoas, objetos,  ilusões e fatos que se entrelaçam no caos da vida espontaneamente. Inútil buscar explicações ou razões para o que não tem o mínimo proposito ou motivo.
Tudo apenas acontece através de mim...
Sou apenas um ponto cego no ilegível de um universo em constante expansão e que se quer me percebe ou sabe em seu  devir.

ILEGIVEL

Palavras, vontades,
Gestos e silêncios,
Não dizem quantos
Sou
Embaralhado
Em minhas dores
E gritos.
Não me habitam
Motivos
Ou justificativas.
Apenas meu andar
De bêbado
Explica
O roto
Do meu acontecer
No tempo...

quarta-feira, 3 de julho de 2013

ESPERA

Meus melhores sentimentos
Não conhecem o mundo,
Não cabem em nenhuma palavra.
Permanecem aqui dentro
Enterrados
A espera de um dia de sol
E azul profundo.

segunda-feira, 1 de julho de 2013

NOITE DE CHUVA E DIA


Gosto da chuva

Arranhando a rotina,

Dificultando os hábitos

E irritando as pessoas

Que aceleram os passos

Desajeitadamente.

Gosto de ver a cidade

 Em tumulto,

Em brutalidade suave e aquática,

Que espanca telhados

E veste de  rio as ruas.