Um dos mais curiosos fatos da condição humana é a universalidade de certas reações comportamentais básicas, a facilidade com que, quanto mais autenticamente acreditamos viver sentimentos pessoais, não transcendemos os simples lugares comuns do gênero humano.
A impessoalidade que perpassa nosso comportamento mais individualizado parece contradizer-nos como seres singulares e ciosos de nossa equação pessoal. Desde Shopenhauer sabemos o quanto somos oprimidos pela vida da espécie e suas imperativas premissas instintivas...
Mas a condição de indivíduos, irremediavelmente presos a uma migalha de tempo na paisagem humana, longe de diminuir o valor do existir singular, o valoriza pela afirmação do absurdo desafio ontológico que ele representa.
O que torna, em poucas palavras, interessante o acontecer do individuo é nossa desesperada ânsia para lhe impor significados e orientações teleológicas que não raramente implicam em transformações sobre a vida coletiva.
É o existir individual, a singularidade humana, o privilegiado palco do devir da espécie, da reviravolta de valores e codificações da existência...
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