Todo sentimento autentico de mundo hoje pressupõe certa sensação de vertigem ontológica, um deslocamento do individuo das identidades coletivas que antes pré definiam seu lugar no mundo e possibilidades biográficas.
Em outras palavras, nossos papeis sociais e personas já não dizem quem somos, a própria idéia de “ser” tornou-se uma paródia de si mesma na justaposição de rostos que um único individuo é capaz de ostentar em suas múltiplas redes de sociabilidades e intercâmbios diários.
O individuo contemporâneo é livre para autoconstruir-se como “pessoa” de acordo com suas mais íntimas inclinações sem que lhe pesem decisivamente nos ombros, pressões para aderir a qualquer “ tipo ideal” socialmente estabelecido.
Em contrapartida, a homogeneização dos comportamentos e hábitos sócio-culturais decorrentes da massificação diluem qualquer possível “autenticidade” que poderíamos deduzir de suas opções mais intimas.
Trata-se, portanto, de uma questão demasiadamente complexa onde a aparência é na verdade toda essência que podemos deduzir do devir contemporâneo do existir singular.
Se, parodiando o funcionalismo sociologico, já não nos vemos pura e simplesmente como “funções” que realizam a racionalidade estreita do “organismo social” que integramos , também não estamos satisfeitos em nossos rostos solitários e perdidos na multidão entregues ao deserto do seu próprio espelho...
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