quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

LUCRECIO E O EPICURISMO

A obra de Lucrecio é uma fonte fundamental para a compreensão do Epicurismo. Basicamente, tudo que sabemos dele com segurança é de que foi o autor de um grande poema filosófico ( Da natureza das Coisas), divulgado por Cicero após sua morte, onde buscava apresentar, de um ponto de vista materialista e anti religioso de inspiração epicurista, uma teoria cientifica do universo definida pelo atomismo e o hedonismo.

“Ó mãe dos Enéadas, prazer dos homens e dos deuses, ó Vênus criadora, que por sob os astros errantes povoas o navegado mar e as terras férteis em searas, por teu intermédio se concebe todo o gênero de seres vivos e, nascendo, contempla a luz do sol: por isso de ti fogem os ventos, ó deusa; de ti, mal tu chegas, se afastam as nuvens do céu; e a ti oferece a terra diligente as suaves flores, para ti sorriem os plainos do mar e o céu em paz resplandece inundado de luz. Apenas reaparece o aspecto primaveril dos dias e o sopro criador do Favônio, já livre ganha forças, primeiro te celebram e à tua vinda, ó deusa, as aves do ar, pela tua força abaladas no mais íntimo do peito; depois, os animais bravios e os rebanhos saltam pelos ledos pastos e atravessam a nado as rápidas correntes: todos, possessos do teu encanto e desejo, te seguem, aonde tu os queiras levar. Finalmente, pelos mares e pelos montes e pelos rios impetuosos, e pelos frondosos lares das aves, e pelos campos virentes, a todos incutindo no peito o brando amor, tu consegues que desejem propagar-se no tempo, por meio da geração. Visto que sozinha vais governando a Natureza e que, sem ti, nada surge nas divinas margens da luz e nada se faz de amável e alegre, eu te procuro, ó deusa, para que me ajudes a escrever o poema que, sobre a natureza das coisas, tento compor para o nosso Mêmio, a quem tu, ó deusa, sempre quiseste conceder todas as qualidades, para que excedesse aos outros. Dá pois a meus versos, ó Vênus divina, teu perpétuo encanto."

“Assim como as crianças, que no escuro tremem de medo e temem tudo, / nós, na claridade, às vezes temos receio de certas coisas / que não são mais terríveis do que aquelas que as crianças temem / no escuro e pensam que acontecerão a elas.”

Titus Lucretius Carus ( Lucrecio) 96-53 a.C.- Da Natureza das Coisas



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