sábado, 20 de setembro de 2008

COLERIDGE E A QUESTÃO DA IMAGINAÇÃO


Segundo Paulo Vizioli, S T Coleridge foi o responsável pela introdução do Idealismo Alemão na Inglaterra construindo assim as bases filosóficas do romantismo inglês. Quanto a tais bases é muito significativa uma passagem de sua Biografia Literária onde, através do conceito de “imaginação secundária” o autor nos oferece uma peculiar interpretação da noção de “inspiração” que tão significativamente traduz o ethos romântico em sua versão mais popular.

Da imaginação, ou poder esemplástico

“A IMAGINAÇÃO, pois, considero ou primária ou secundária. A meu ver, a imaginação primaria é a energia viva e o agente primeiro de toda percepção humana; é como que uma repetição, na mente finita, do eterno ato de criação do in finito EU SOU. À imaginação secundária considero um eco da anterior, coexistindo com a vontade consciente; identifica-se com a primária quanto ao tipo de atuação, dela diferindo apenas quanto ao grau e quanto ao modo de operar. Ela dissolve, difunde, dissipa, a fim de recria; e, onde esse processo se torna impossível, ela ainda assim se esforça, em todo caso, para idealizar e unificar. É essencialmente vital, da mesma maneira como todos os objetos ( enquanto objetos) são essencialmente fixos e mortos.
A FANTASIA, pelo contrário, não tem outras fichas para jogar alem de coisas fixas e definidas. A fantasia nada mais é , na verdade, que um modo da memória emancipado da ordem do tempo e do espaço; ela se mescla com aquele fenômeno empírico da vontade que designamos com a palavra ESCOLHA, e é por ele modificada. Mas, a exemplo da memória ordinária, deve receber prontos, da lei da associação, todos os materiais de que se serve.”


(Samuel Taylor Coleridge. Poemas e excetos de Biografia Literária/Introdução, seleção, tradução e notas de Paulo Vizioli. SP: Nova Alexandria, 1995, p.149)

Nenhum comentário: