Não sou do tipo que acredita em metafísicas, no engodo da eternidade das almas. Para mim, a única eternidade possível é a dos ecos dos nossos atos no tempo.
A realização do eterno é, assim, portanto, paradoxalmente uma construção e uma conquista edificada por tudo aquilo que materializamos no mais concreto do tempo.
Escrever livros, compor musicas ou versos, ter filhos, construir um grande império financeiro ou uma pequena casa... não há limites para possibilidades de perpetuação de cada individualidade humana através da realização de uma marca única no infinito universo de experiências de sua existência concreta.
Talvez isso seja no fundo um desafio, pois somos educados para a obscuridade de cumprir mecânicas rotinas na performance das personas quase impessoais que vestimos para adaptação ao existir social.
Infelizmente, grande parte da nossa curta existência é dedicada ao esforço ingrato de imediata sobrevivência ... Mas na soma dos anos revela-se um padrão singular de experiências e realizações que nos diz quem somos e fomos e o tamanho do eco dos nossos atos.
Bom, tudo isso me passou a pouco pela cabeça através da releitura gratuita de um pequeno poema de D H Lawrense...
THINGS MEN HAVE MADE
Things men have made with wakened hands, and put soft life
Into
Are awake throught years with transferred touch, and go on
Glowing
For long years.
And for this reason, some old things are lovery
Warm still with the life of forgotten men who made them.
COISAS QUE OS HOMENS MOLDARAM
As coisas que os homens fazem com as suas mãos despertas,
Passando-lhes uma tenra vida,
Ficam despertas através dos tempos, com aquele contato transmitido,
E continuam a fulgir
Por longos anos.
E é por isso que algumas coisas antigas são tão belas-
Cálidas ainda da vida dos homens esquecidos que as fizeram.
( tradução de Aila de Oliveira Gomes)
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