quinta-feira, 5 de junho de 2008

CRONICA RELÂMPAGO XXVIII

Quando procuro contrapor a imagem simbólica e virtual que possuo do ano de 1968 com as desbotadas paisagens do obscuro e insignificante ano de 2008, assombra-me uma indeterminada e imperfeita nostalgia de passados não vividos e sonhos de futuros e fluidas identidades ou cenários, tanto quanto um sentimento de insuficiência dos tempos múltiplos do meu presente.
Afinal, tão tenso e insuportável quanto poder acreditar que pode-se mudar o mundo, é a situação de viver sobre a opressão de um mundo onde a única mudança possível é a certeza dificil do dia seguinte, o não ser de qualquer novidade alem do cardápio de possíveis e previsíveis rotinas de vida inútil ou catástrofe de castelos de areia dos lúdicos voluntarismos da imaginação.
Mas que diabos é, afinal, utilidade, plena realização e intensidade de vida? Estes quase conceitos se desfazem em qualquer pensamento, pois não se explicam ou se sabem em nenhuma palavra escrita ou falada.
Viver é um mistério nas inúmeras direções latentes de nos mesmos. Viver não tem regra ou receita... Não se descobre em segredos ou magias, nem se enquadrando em ideais absurdos de castrações culturais/coletivas, retos caminhos de ilusões impessoais, religiões laicas ou sagradas lhe negam na gaiola do absoluto impositivo de verdades absolutas.
Viver é um mistério sem metro onde nos descobrimos apenas em grito... Em afirmação da mera perenidade de tudo que existe e é neste existir que não compreendemos.

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