segunda-feira, 21 de janeiro de 2008

SONHO DE UMA NOITE DE VERÃO


Shakespeare escreveu a lírica comédia Sonho de uma Noite de Verão por volta de 1595-96, sendo sua primeira edição datada de 1600.
Trata-se de uma das obras mais populares do velho bardo e, talvez, a mais curta dentre todas.
Reza a tradição que ela foi composta para as comemorações de um casamento de nobres ingleses onde teria estado presente a própria Rainha Elisabeth. Não há, entretanto, qualquer consenso quanto a identidade do destinto casal. O que podemos afirmar é que, dada as circunstâncias de sua gêneses, nada mais natural que o tema desta saborosa peça, hibrido de romance, magia e descomprometido humor popular, seja os caminhos e descaminhos do amor, sua celebração.
O real e o imaginário confundem-se na noturna paisagem de uma floresta encantada onde nobres se perdem para encontrarem-se sob a inspiração da magia e do amor.
Creio que uma fala da primeira cena do quinto ato, atribuida a Teseu, seja adequada pala ilustrar o Sonho que a quatro séculos encanta imaginações:

“Bem mais que verdadeiro; eu nunca fui
De crer em fadas ou em fantasias.
Loucos e amantes tem mentes que fervem
Com ideias tão fantásticas, que abrangem
Mais que a razão é capaz de aprender.
O poeta, o lunatico e o amante
São todos feitos de imaginação;
Um vê mais demos do que há no inferno:
É o louco; o amante, alucinado,
Pensa em encontrar Helena em uma egipcia ;
O olho do poeta, revirando,
Olha da terra ao céu, do céu a terra,
E enquanto o seu imaginar concebe
Formas desconhecidas, sua pena
Dá-lhes corpo e, ao ar inconsistente,
Dá local de morada e até um nome.
Tal é a força da imaginação.”
(William Shakespeare. Sonhos de uma Noite de Verão e Noite de Reis. Tradução e introdução de Barbara Heliodora. RJ: Nova Fronteira, 1991, p.119)

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