quinta-feira, 17 de janeiro de 2008

LITERATURA INGLESA XIX


Ian Feming (1908-1964) é normalmente considerado um autor menor no cenário da literatura inglesa, apesar do sucesso de suas novelas de espionagem centradas na personagem do espião britânico James Bond.

Fleming começou a escrever apenas aos quarenta anos. Embora suas obras sejam destinadas a um público de massas, ostenta uma sutil erudição e uma elegância estilística que certamente contribuíram para converter seu personagem em um dos grandes mitos gerados pelo imaginário do séc. XX. Evidentemente, embora as adaptações cinematográficas não façam jus a sua obra, certamente tambem contribuíram para sua mitificação.

O fato é que suas novelas de espionagem podem ser consideradas a melhor romantização de um dos mais sombrios períodos da História da Humanidade; a chamada guerra fria que dividiu ideologicamente o mundo em dois blocos antagônicos sob o constante fantasma de um apocalipse nuclear.

Para finalizar, parece-me interessante uma analise comparativa realizada por Anthony Burgess, entre James Bond e Sherlock Holmes:

“( Bond)...não é tão universal quanto Sherlock Holmes: é durão, engenhoso, e não lhe faltam contradições. E é um homem mais inteiro que Sherlock Holmes: adora as mulheres, enquanto que Holmes admirava apenas uma e nem mesmo teve a chance de dizer-lhe. Holmes, apesar de aparentemente ser um asceta, usa cocaína, enquanto que Bond é viciado apenas nos cigarros Morland Specials, com três anéis dourados. Holmes é um decadente dedicado a lógica rigorosa a serviço da lei, o que é uma grande contradição. Em Bond, há uma forte veia de puritanismo e uma capacidade de autodesprezo que nega a amoralidade de sua vocação assassina e suas compensações sensuais. São semelhantes principalmente porque não são ingleses típicos. Holmes foi a criação de um irlandês educado por jesuítas que estudou medicina em Edimburgo. Seu raciocínio é mais continental do que britânico. Bond é meio escocês e meio suíço-francês, é um elemento que explica tanto o traço puritano quanto o dom granítico de resistência, enquanto que outro o torna fluente em francês e alemão, à vontade para andar de esquis, e um amante do vinho e da boa comida.”
(Anthony Burgess, Prefácio in Ian Fleming: tradução de Thomaz Souto Correa. Porto Alegre: L & PM, 199, p. 7 et seq.)

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