quarta-feira, 21 de novembro de 2007

ODES DE ANACREONTE


As chamadas Odes Anacreônicas foram originalmente difundidas na Grécia hlênica. Ou seja, naquele momento em que a civilização grega, após as conquistas e morte de Alexandre, se universalizava e transformava a partir dos intercâmbios culturais com o Oriente Trata-se, na verdade, de um período de transição entre o classicismo grego e a majestosa Roma imperial. A autoria destas Odes é controversa e o exato período de sua composição imprecisa.
Mas o que, entretanto, aqui realmente importa, é a sintonia possível entre o leitor contemporâneo e esses versos antigos que consagram, a partir das referências de sua própria época, o sensualismo, o prazer, a vida e o desregramento; onde indiretamente nos falam o velho deus Dionísio, Afrodite e Eros.
Seguem alguns pequenos exemplos:

CANTO BÁQUICO


Sempre que bebo o alegre vinho,
Logo, de coração contente,
Eu vou as Musas celebrar.

Sempre que bebo o alegre vinho,
Lanço os cuidados e o prudente
Conselho inquieto, dos que o entoam,
Ao léu dos ventos que ressoam
Como os barulhos lá do mar...

Sempre que bebo o alegre vinho,
Baco ( do mal quem livra a vida),
Em vernal brisa reflorida,
Como me eleva e agita no ar...

Sempre que bebo o alegre vinho,
Flórea coroa- que se teça
Aos deuses- ponho na cabeça
E canto a vida sã, feliz!

Sempre que bebo o alegre vinho,
E aromas suaves em mim chovem,
Celebro a Cípria- que assim quis...

Sempre que bebo o alegre vinho,
Bem a meu gosto, em taça grande,
Simples, minha alma, enfim se expande
Nos coros jovens, com prazer.

Sempre que bebo o alegre vinho,
Tenho o meu ganho na partida:
Tudo o que levo desta vida
-Pois todos temos de morrer!

PRAZERES VENAIS

Que belo diverti-me à toa
Onde estão prados luxuriantes,
Quando agradável, tênue, voa
A aura dos Zéfiros errantes!
De Baco os cachos, novos ainda,
Ver sob as folhas e poder
Nos braços tenra jovem, linda,
Que exala a própria Cípria, erguer!

ODES de Anacreonte/ tradução de Almeida Cousin. RJ: Editora tecnoprint ( coleção Sabedoria e Pensamento, s/d.)

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