quinta-feira, 2 de agosto de 2007

LITERATURA INGLESA II



William Blake ( 1757-1827) foi inequivocamente um artista único e singular na arte de combinar palavra e imagem, filosofia e teologia, individualidade e sociedade, na afirmação da experiência máxima de sua subjetividade no explorar da condição humana.
Poucos escritos poéticos possuem a intensidade e riqueza imagética de sua grande obra, “O Matrimônio do Céu e do Inferno (1790), cujos versos introdutórios já revelam a complexidade do jogo de opostos ao qual o autor nos lança...
Limito-me aqui, entretanto, a uma questão específica unipresente em sua obra: a coincidentia oppositorum estabelecida pelo autor entre alma e corpo, sensualidade e espirutualidade, que unifica contraditóriamente sua construção verbal/poetica/imagética,ou seja, a maior parte dos seus escritos e gravuras.
Blake pode ser definido como o poeta da coincidentia oppositorum que integra o homem ao cosmos, a vida a poesia,no fluxo infinito e múltiplo da existência e seu mistério.
Deixando falar o próprio Blake:

UMA VISÃO MEMORÁVEL
“ Enquanto caminhava entre as chamas do Inferno, delicado com os prazeres do Gênio, que os Anjos tomam por tormento e loucura, recolhi alguns de seus Provérbios, pensando que, assim como os seus adágios de uma nação expressam seu caráter, os Provérbios do Inferno revelam a natureza da sabedoria Infernal melhor que qualquer descrição de edifícios e vestuários.
Voltando para casa: no abismo dos cinco sentidos, onde uma encosta íngreme e sem relevos reprova o mundo atual, avistei um poderoso Demônio envolto em nuvens negras, pairando sobre as vertentes do penhasco: com chamas corrosivas, ele escreveu a seguinte sentença, captada agora pelas mentes dos homens & por eles lida na Terra:
Como sabeis que cada Pássaro que fende os ares não é um imenso mundo de deleite, encerrado por vossos sentidos, os cinco?"
Willian Blake, in O Matrimônio do Céu e do Inferno

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