quarta-feira, 1 de agosto de 2007

SOBRE DISCURSO, DIALOGO E MATÉRIA: FRAGMENTO DE JACQUES DERRIDA

“ ...Tudo aquilo que, no meu discurso, é destinado a manifestar um vivido a outrem, deve passar pela mediação da face física. Essa mediação irredutível mobiliza toda expressão em uma operação irredutível mobiliza toda expressão em uma operação indicativa.. A função da manifestação ( kundgebende Funktion) é uma função indicativa. Aproximamo-nos aqui da raiz da indicação: há indicação cada vez que o ato que confere o sentido, a intenção anomadora, a espiritualidade viva do querer dizer, não esta plenamente presente. Assim, quando eu escuto o outro, o seu vivido não esta presente para mim, originalmente, “em pessoa”. Posso ter, pensa Husserl, uma intuição originária, isto é, uma percepção imediata do que, nele, é exposto no mundo, da visibilidade do seu corpo, dos seus gestos, daquilo que se deixa ouvir, dos sons que ele profere. Mas a face subjetiva da sua experiência, a sua consciência, os atos pelos quais, especificamente, ele dá sentido aos seus signos, não me estão imediata e originalmente presentes como estão para ele, e como os meus estão para mim. Existe aí um limite irredutível e definitivo. O vivido do outro só se torna manifesto para mim enquanto esta mediatamente indicado por signos que comportam uma face física. A própria idéia de “físico”, de “face física”, não é pensável em sua diferença própria senão a partir desse movimento de indicação”

Jacques Derrida. A voz e o fenômeno: Introdução ao problema do signo na fenomenologia de Hussel, RJ: Jorge Zahar Ed., 1994, p.47.

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