terça-feira, 7 de agosto de 2007

METAFÍSICA DA CHUVA

A mansidão de um dia de chuva
escreve-se em mim
como uma preguiça de alma,
como um querer esquecer,
esquecer-me,
quase sonhar,
até que todos os sonhos se esgotem
no absoluto de qualquer acordar.
Desejo de um instante estático e eterno
sem ontens ou amanhãs
a vestir a vista com inalcançaveis horizontes.
Como se fosse possível saber apenas da calma
que dorme sobre os telhados molhados,
o sabor de cada gota perdida de chuva
sobre a praça vazia em paz de finados.
Como se eu
estando entre todas as coisas
pudesse perceber apenas as coisas
e não gritar tão alto
ao espaço em branco
do outro lado da alma.

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