quarta-feira, 15 de agosto de 2007

LITERATURA INGLESA IV

Alexander Pope (1688-1744) é considerado por alguns o mais expressivo representante da poesia inglesa do séc. XVIII. A moderação e equilíbrio dos seus versos, temperada por um destilado espírito crítico e satírico, que chama atenção mesmo ao leitor de “primeira viagem”, são mais do que suficientes para fazê-lo merecedor do titulo de representante mor do Neo Classicismo inglês.
Admito que não sou competente para uma avaliação substancial de sua obra, em grande parte sem tradução ainda para o português, mas arrisco-me aqui a compartilhar algumas superficiais impressões de leitura não sei até que ponto relevantes.
O fato é que o que me parece ser a peculiaridade da obra de Pope é a mescla perfeita entre a racionalidade moderna de inspiração ilustrada com o formalismo do classicismo e o Panteísmo, em seu caso, de inspiração neo platônica. Seus versos podem não parecer tão atraentes a sensibilidade contemporânea, mas também pode surpreender como no exemplo a seguir:

DA EPISTOLA II

“Busca a ti conhecer, em vez da divindade;
É através do homem que se estuda a humanidade.
Um ser num istmo que em lugar médio se expande,
Obscuramente sábio e ruimente grande:
Tem, para o cético, incomum sabedoria.
E, para orgulho estóico, é fraco em demasia;
Entre o repouso e a ação não sabe escolher qual;
Não sabe se julgar deus ou animal;
Entre o espírito e o corpo oscila sem parar;
Nasce para morrer, medita para errar;
Sua ignorância e sua razão mostram-se iguais,
Quando pouco a pensar, quanto a pensar demais;
Caos de Emoção e Pensamento, um turbilhão,
Ele próprio se avilta e obtém sua redenção;
Para erguer-se e cair o faz a natureza;
Grande senhor de tudo, e que de tudo é dependente;
Da verdade é o juiz, mas no erro mais profundo;
O ridículo, a glória, o enigma deste mundo!”
( Vv. 1-18)
( Alexander Poper. Poemas.SP: Nova Alexandria, 1994, p. 101)

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