quinta-feira, 5 de outubro de 2017

POR UMA VIDA MAIS VERDADEIRA DO QUE A VERDADE

A luta contra os fascismos cotidianos a qual nos convida Foucault no prefácio de 1977 a edição norte americana do Anti Edipo, é uma luta contra as microdominações cotidianas.  Ele nos convida a inventar outros jogos de força contra o saber verdade.

Ainda não guilhotinamos o rei das disciplinas da verdade,  das normativas abstratas que nos condenam aos meta enunciados de dominação comportamental. Precisamos de novas formas de pensamento e existência onde a autonomia de si se torne objeto de um cuidado, de uma estética, a ponto de transformar a vida em obra de arte. Para tanto, é preciso negar-se como sujeito. Não se fixar em auto referências e definições.

Quando em fins dos anos setenta do século XX Foucault nos fala  de uma valorização ética e estética da existência ele propõe uma redefinição da experiência de si, romper com tudo aquilo que nos condiciona ao sedentarismo de si  mesmo. Trata-se de “uma constituição do sujeito como fim ultimo para si mesmo, pela prática e exercício da verdade” em um processo de  auto subjetivação e não mais uma atividade de subjetivação. Precisamos nos libertar das internalizações que nos reduziram a seres desejantes e nos afastaram do cuidado de si como premissa da experiência de si.


Viver é devir e não se fixa em qualquer normativa. Pressupõe sempre a abertura para o inédito, para o imprevisto, através da exegese  de si para si.

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