domingo, 30 de agosto de 2020

SOBRE AS PALAVRAS

Tenho apenas palavras para lidar com a vida.
Mas todo dizer dos signos e símbolos não  traduzem sentimentos ou pensamentos. Apenas resistram seu próprio jogo que, de algum modo, é  uma forma de silêncio, um quase desespero, que me permite fugir de mim mesmo.

sábado, 29 de agosto de 2020

O MAR

O que é  o mar além de um estranho deserto fluido
Onde nos perdemos da terra firme?
O que é  o mar além de uma imensidão incerta e devoradora,
Onde todas as certezas se afogam?
Onde tudo é  quase impossível,
É a realidade jaz submersa?

quinta-feira, 27 de agosto de 2020

POESIA E GEO FILOSOFIA



" É  difícil compreender como o limite morde imediatamente o infinito, o ilimitado.  E todavia, não  é  a coisa limitada que impõe  um limite ao infinito,  é  o limite que torna possível uma coisa limitada."
Deleuze & Guattari um O que é  a Filosofia

Uma política da alegria e dos corpos, como nos inspira Espinosa, pressupõe  rupturas assignificantes, uma quebra das referências vigentes,  dos assujeitantes, que, através dos dispositivos de saber e poder, nos prendem no aquário do tempo presente .
Uma política da alegria pressupõe  a embriaguez do riso e do assombro, que nos lança  ao movente,  a inumana potência dos acontecimentos, das intensidades, linhas e planos, através dos múltiplos que definem a terra como território desterritoriarizante contra o sedentarismo de nossos hábitos, do dito e do visível que nos levam a aventura da caosmose incessante .

quarta-feira, 26 de agosto de 2020

QUEM SOMOS NÓS?

Os atos cotidianos de fala definem em mim uma terceira pessoa,
Uma paisagem dentro do meu rosto,
Que inibe o resto do corpo,
No dizer me que aprisiona ao mundo,
Ao tempo e ao absurdo de mim mesmo,
Que se inventa no encontro com os outros.
Afinal, quem somos nós  na tempestade do mundo?

EXISTO

Existo incerto 
Entre o ontem e o amanhã,
Existo exausto no presente
Que me escapa sempre.

Existo na inquietude que me transborda e define 
Entre o nascimento e a morte.

Existo onde não  tenho lugar,
Onde persiste o tempo,
Onde não há  um lar.

Existo contra mim mesmo.

sábado, 22 de agosto de 2020

CAOS , CORPO E LIBERDADE

Sou um corpo feito de mundos, 
Um segundo de natureza
Enterrado na vida,
Na beleza do nada
Que nos faz vir a ser.

Nenhum princípio me define,
Tudo persiste,
Através  de mim
Entre o caos e a liberdade
De provisoriamente  existir.

terça-feira, 18 de agosto de 2020

PENSAMENTO E EXISTÊNCIA

Como conter ou 
cometer
Um ato
De existência?
Como saber o corpo
Em inerte movimento
De pura imanência?
Como soltar sobre  si mesmo?
Eis a mais radical questão 
Do pensamento que se faz afeto
E imanência,
Que cria existência .

quarta-feira, 5 de agosto de 2020

A RAZÃO DOS CEGOS

O corpo vê;
Mas o pensamento enxerga,
Inventa contra intensidade da imagem,
A prisão  das significações .

Através  do pensamento
Somos todos cegos
Na escuridão  da verdade
E na miséria das convicções. 

terça-feira, 4 de agosto de 2020

O FILME MELANCOLIA DE LARS VON TRIER COMO ALEGORIA DO NOSSO IMEDIATO TEMPO PRESENTE

O aclamado filme Melancolia do diretor Lars von Trier, é  um lançamento de 2011, mas nunca nos pareceu tão  próximo de nossa experiência presente em rotinas pandemicas. 
Afinal, o filme afirma uma saída trágica,  a potência criadora da melancolia, diante de um cenário catastrófico,  no caso o desaparecimento da humanidade diante de um evento cósmico.
Na condição  trágica, o pensamento deixa de ser um dispositivo de poder  saber, uma forma de assujeitamento ao domínio logocentrico domesticador de um mundo dito possível e desejável apesar de todo caos que alimenta a manutenção  de uma ordem disfuncional, nos confrontando com o intempestivo e o inesperado do impossível.
Evocando Nietzsche, em sua dimensão  trágica, o pensar se reinventa em sua condição  extra moral contra as artimanhas do intelecto, na contramão  dos jogos de confissão  e dizer verdadeiro, na afirmação  de valores que definem o sedentarismo do campo social.
É  sobre isso que o filme em questão,  um drama filosófico e existencial, sobre a fragilidade de nossa condição  humana, revela -se de alguma maneira, intenso no dizer de nós mesmos.
O sentimento de desamparo, de fragilidade, nos transmita no inumano dentro de nós,  nos obriga a sentir e criar, a saber corporalmente a vida, no além de nossas abstratas e desmedidas estratégias épicas egoicas de mera sobrevivência possível é impostas pela consciência moderna de mundo.
Nosso saber melancolia, limites e fragilidades, nos desafiam através  do trágico devir de nós mesmos, a inventar outros mundos contra as grades do imediato do tempo presente na afirmação concreta e transgressora de nossa finitude.



 

sábado, 1 de agosto de 2020

SOBRE A PALAVRA

Toda palavra é  um agenciamento coletivo irredutível ao sujeito do enunciado, assim como todo agenciamento é  simbiose no esforço de composição  dos corpos. Corpos que, por sua vez, podem ser físicos, psíquicos,  verbais, sociais,etc. 
Todo dizer é  habitado por multidões. 
Através da palavra todas as fronteiras do viver e do virtual (potência), são  superadas. 
A palavra é  uma forma de estar no meio de tudo que prolifera em devir, como quem habita uma canção.