sexta-feira, 18 de setembro de 2015

SOBRE OS DESENCONTROS ENTRE A VIDA E A REALIDADE

O dia foi diferente de tudo aquilo que eu pretendia ou queria.
As horas transcorreram vazias entre as fantasias de uma vida impossível e a impossibilidade de aceitar aquele cotidiano sem rumo ou significado que me definia as rotinas.

Quem era eu entre o desejado e o vivido?  O que  me definia entre os  fatos e  minhas intimas fantasias de outra realidade?
Entre minhas indagações duvida da realidade do mundo, do semblante e do olhar das pessoas. Elas nada tinham a me dizer e eu pouco me interessava pelos seus atos.

Minha principal ocupação era não fazer parte de coisa alguma. Ser livre em algum sentido negativo de liberdade, vivendo enterrado em meus devaneios e sonhos.

Infâncias me visitavam com frequência...

Eu era  novamente qualquer coisa que nunca fui em meu anos de formação.


terça-feira, 15 de setembro de 2015

SOBRE AS RUÍNAS DA REALIDADE

Eu não sei até que ponto a palavra, dita ou escrita não se confunde, as vezes, com alguma estranha modalidade barulhenta de silêncio. Em tempos de inflação da informação o dizer quase não é percebido como compartilhamento de experiências, como intimidade de individuações que através da palavra constroem socialmente um mundo de livre pensamento contra os lugares comuns vazios de todas as tradições.


Não são poucos os que ainda  se debruçam sobre o desafio de reinventar a realidade. Mas a realidade já não é tão obvia. Vivemos tempos de hiper realidade e simulacros. Baudrillard dialoga com Baumman sobre as ruínas do real....

segunda-feira, 14 de setembro de 2015

CULTURA E CONTEMPORÂNEIDADE

O que hoje caracteriza a cultura nas sociedades ocidentais não é capacidade de perpetuar tradições ou unir uma diversidade de indivíduos em torno de uma identidade. Mas a capacidade de romper  cada vez mais com as ilusões coletivas.

A cultura é hoje um esforço constante de desconstrução e transformação, um superar-se constante. Pode-se dizer que as novas tecnologias digitais e as sensibilidades que engendrou estabeleceu  o indeterminado como um principio identidário.  Estamos todos de passagem, em constante fluxo. Até mesmo o ser tornou-se indeterminado.

Como nunca antes tudo parece possível...


domingo, 13 de setembro de 2015

NOTA SOBRE VERDADE E ERRO

Você nunca sabe que um erro é um erro até que ele se dispa da fantasia de verdade e exponha sem qualquer pudor toda a sua nudez.

Até que se prove o contrário estamos sempre errando em alguma coisa. Não existem consciências perfeitas. É preciso estar sempre atento para os pequenos detalhes, para a sutileza dos equívocos e seus jogos de sedução cognitiva.


O certo e o errado são como duas crianças idênticas brigando no lodo do fundo escuro do abismo da realidade.

sábado, 12 de setembro de 2015

AUTOBIOGRAFIA

Passei a tarde deitado
Pensando no passado,
Na fragilidade dos meus atos
E na precariedade dos fatos.
Sou eu aquele que nunca foi,
Que sempre ficou para depois.
Nunca fui do tipo
Que se veste de herói.
Não tive motivos para
Enfrentar o destino.
Sempre fui o cara errado,
O que se recusou a dar certo
E sempre viveu de sonhos

Mais do que da realidade.

sexta-feira, 11 de setembro de 2015

VIVER

Enquanto o mundo acontece lá fora
Tento me achar aqui dentro
entre erros e certezas,
Equívocos e ruídos
de existência.

Talvez  existir não caiba
na arte de viver.
Talvez a vida seja apenas
um ato radical de imaginação,
uma vazia aventura de  e sonho e espanto.

quinta-feira, 10 de setembro de 2015

DEFINIÇÃO DE PASSADO

O passado não é o ontem.
É aquilo que se perdeu  totalmente
Do tempo presente.
Aquilo que nos assombra  a memória
Como o  sem lugar de um sonho
Sem qualquer relação
Com aquilo que agora somos.
O passado é o vazio,
O absurdo  que alucina,
Ou, simplesmente,
A consciência do se perder

Irremediável das coisas.

A DECADÊNCIA DA INTIMIDADE

Tédio e solidão definem nosso cotidiano privado na exata medida que a plenitude da intimidade deixou de ser intensa. Ela já não é abstratamente possível à maioria das pessoas depois que o virtual, enquanto transbordamento do real, enquanto publicidade padronizada do coração, tornou-se uma regra.

A própria ideia de singularidade humana foi banalizada. Por isso, nunca foi tão difícil encontrar um indivíduo... Mesmo expostos uns aos outros em intimidade, reproduzimos lugares comuns.


terça-feira, 8 de setembro de 2015

CONTRA AS CERTEZAS E VERDADES SAGRADAS

O que mais me assusta  nas pessoas não são seus erros, mas a tendência a inventarem certezas, a confiar demasiadamente nelas mesmas.  Quanto mais convictamente as pessoas acreditam em determinada coisa, mais perigosas elas se revelam. Difícil prever até que ponto um ser humano pode chegar inspirado por alguma convicção.


Infelizmente vivemos em uma sociedade de crédulos que não suportam questionamentos que coloquem em  risco os precários fundamentos de suas caras certezas. Certezas estas, as quais normalmente, atribuem validade universal. Pessoalmente duvido de um mundo e de uma realidade que faça sentido fora do universo de nossas possibilidades humanas de codificar o vivido e o pensado.

O COLAPSO DA INFORMAÇÃO

Tudo o que sinto e penso é circunstancial. Não sou  aquele que vivia antes sob o meu rosto e não serei amanhã quem sou hoje. Sou efêmeros e inconstante  como a própria vida que me consome.   É sempre provisória a forma como concebo meus  limites e possibilidades.

Quase não sei o que faço, apenas sei o quero, embora o modo do meu querer seja mutável e inconstante inspirado pelo incerto do  meu desejo.


Então, não me exijam definições, opiniões ou posições sobre o que quer que seja. Já não tenho nada a dizer as pessoas ou o mundo. Estou farto de tudo e descrente de soluções. Qualquer posição possível hoje em dia é mero excesso de informação que já não gera qualquer reflexão autêntica sobre o real. Chegamos a um ponto em que a realidade já não tem mais importância...