quarta-feira, 30 de julho de 2014

A CRIANÇA QUE FUI UM DIA

A criança que fui um dia
Afogou-se nas aguas das emoções profundas
Que habitam nervosas a superfície
Dos pensamentos cotidianos.
Perdeu-se de sua própria realidade,
Tornou-se abstração e sombra
Do adulto discreto e conformado
Que nunca conseguirei ser.

terça-feira, 29 de julho de 2014

AFORISMA SOBRE ATEISMO E LIBERDADE

O ateísmo é a mais radical forma de liberdade já  concebida pela consciência humana. Somos naturalmente livres pensadores quando superamos os escombros do mero mimetismo cultural para inventar a nós mesmos.

quarta-feira, 23 de julho de 2014

LIMITES

Preso as minhas diárias limitações
Persigo o brilho de um dia
Onde eu possa descansar
Minhas vontades e ansiedades
No colo dos pequenos sonhos,
Esquecer  do tempo e do espaço
E ser apenas eu mesmo
Diante do enigma do mundo
Sem tantos limites e interdições.

sexta-feira, 18 de julho de 2014

OPÇÕES INDIVIDUAIS

O que nos define como indivíduos é o limitado leque de nossos recursos e opções pessoais. Não podemos  em nossa elementar singularidade abarcar todas as possibilidades de codificações de mundo e cenários de existência. Somos limitados e é justamente isso que nos desenha nos dias.

quinta-feira, 17 de julho de 2014

APOSTAS PERDIDAS

Não me lembrava das flores depositadas
No horizonte,
Das esperanças perdidas
E das alegrias desfeitas.

Lembrava apenas do aperto no peito,
Daquele vazio que me dizia a vida,
De todas as promessas não cumpridas
E do medo de um dia seguinte.

Não me lembrava dos sonhos que tive,
De todas as minhas ingênuas apostas
Nas cores vivas do mundo

e que justificavam tudo.

terça-feira, 15 de julho de 2014

AFORISMAS SOBRE POESIA

Devemos viver a poesia como uma codificação erótica da existência.
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A poesia é o sexo das palavras e a orgia das imaginações.
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 A maior parte da poesia não cabe em nenhum poema.
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Aquilo que transborda entre o dizer e o silêncio é a matéria prima da poesia.

segunda-feira, 14 de julho de 2014

IMPULSO E RENOVAÇÃO

Não esperarei pelo dia seguinte,
Pela vontade renovada
Que transformará meu  sentimento das coisas.
Partirei agora sem grandes esperanças
Para o outro lado das circunstâncias
Onde se sabe o mundo de ponta cabeça.


Jogarei fora alguns passados,
Algumas emoções  e vontades inúteis.


Reaprenderei a vida dançando em minha sombra.
Talvez me sobre até tempo
Para buscar amores.

terça-feira, 8 de julho de 2014

SOBRE A PEQUENEZ DA CONDIÇÃO HUMANA

Embora hoje em dia tanto o modelo cosmológico  geocêntrico da antiguidade   quanto o heliocêntrico inaugurado por Nicolau Copérnico e consolidado por Kepler e Newton  já não expressem nossa imagem contemporânea do universo, o fato é que nossa cultura ainda se baseia na valoração do primado da condição humana como centro de toda existência. As tradições religiosas, que pressupõem essa centralidade através de diversos mitos criacionistas contribuem significativamente para manutenção da  falsa ideia de que a vida é algo especial e plena de significação, ignorando a imensidão e mistérios muito mais complexos do universo conhecido que, de muitas maneiras, desafiam o intelecto humano.

A percepção do quanto somos insignificantes, dos limites de  todas as nossas possíveis representações e codificações de mundo é um sentimento novo ainda cultivado por poucos.
Lembrando uma famosa declaração de Neil Armstrong, o primeiro homem a pisar na lua,  

"De repente eu notei que aquela pequena e bela ervilha azul era a Terra. Eu levantei meu dedão e fechei um olho, e meu dedão cobriu totalmente a Terra. Eu não me senti um gigante. Senti-me muito, muito pequeno.”

Tal pequenez, não se associa a qualquer especulação metafísica sobre a grandiosidade da natureza ou de alguma divindade, mas a constatação simples da complexidade da realidade que não pode ser reduzida a qualquer formula dogmática ou universal. O superficial e o perene define melhor o que somos do que qualquer ilusória profundidade e significado último da condição humana.
 
Somos efêmeros...

segunda-feira, 7 de julho de 2014

BRINQUEDO QUEBRADO

O desejo  partido contemplava um brinquedo quebrado no canto de alguma infância esquecida.
Quanta melancolia cabia naquele sentimento de coisa perdida,
Nos prazeres desfeitos e olhos incrédulos diante do fato.
Era como se todo futuro se evaporasse,
Como se todas as portas e janelas do mundo se fechassem.
Entretanto, era apenas um brinquedo quebrado
E a ingenuidade do mundo de uma criança. 

domingo, 6 de julho de 2014

COSMOS

A grande indiferença do universo
transcende as imaginações
e a própria vida.

Somos menos que nada
na manhâ que se inaugura
dentro da gente
além das sombras que enfeitam
as paisagens de nosso pequeno mundo.

Nossa humanidade
é uma verdade muda...