domingo, 21 de fevereiro de 2010

EVERYBODY LIES: HOUSE'S PHILOSOPHY


Mentiras suavizam as coisas e facilitam a vida... Para a maioria das pessoas é insuportável ser simplesmente si mesmo diante dos outros, assumir publicamente seus limites, erros, imperfeições ou meras opções e vontades mais autenticas...

Mentiras suavizam nosso próprio peso sobre as costas; o quanto por mera covardia suportamos muitas coisas em nome do grande vazio da diaria sobrevivência entre os outros... No fundo, toda vida socialmente compartilhada não passa de um grande teatro...

O DESAFIO DE SER VOCÊ MESMO...


No mundo contemporâneo, onde a atomização dos indivíduos é a mais cara premissa das sociabilidades e invenções de coletividades, os interesses particulares e as paixões mais básicas ocupam o primeiro plano do jogo dos tantos tipos de relacionamentos possíveis entre os seres humanos .

Hoje, como nunca antes, as pessoas são acima de tudo motivadas pelas questões de suas vidas privadas em lugar de abstrações morais ou modelos coletivos de comportamento. Predominam os dilemas e afirmações egoicos sobre o compromisso com o artificalismo das personas e papeis coletivos.

Nada há de errado nisso. Pessoalmente, considero este fenômeno um grande avanço da cultura contemporânea. Só não posso deixar de notar o quanto a maioria das pessoas, cotidianamente, demonstra simplesmente não saber lidar com sua própria individualidade...

NOTA SOBRE O SILENCIO


Segundo nossos dicionários, o silencio é o estado de quem se abstém de falar e a ausência de sons e ruídos. A palavra também é associada a taciturnidade e sossego. Em todos esses casos ela remete a idéia de passividade e inércia. Mas quem já contemplou o silêncio de uma bela paisagem ou a riqueza da tela de um quadro sabe o quanto o silencio é um fenômeno muito mais rico e complexo. Na verdade ele delimita um vasto campo de atividades não verbais, o domínio do imagético e do sensual.
Em poucas palavras, o silencio é essencialmente o modo físico e concreto através do qual experimentamos a realidade sem traduzi-la em linguagem verbal....

ILUSION

A vida

É em grande parte
Sonhada
Nos desejos que inspiram
O mais profundo do pensamento.

Buscamos o tempo todo
Realizar o ideal de nossas vontades,
Enganar a realidade.
Mesmo sabendo
Que nunca teremos
Tudo aquilo que queremos
Em nossas ilusões de felicidade...



sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010

A RISING SUN


Amanhece...



É tudo de novo


Outra vez


Em meu magro e precário viver.


Sigo mudo o enredo da existência


Sem nada esperar


Das horas


Desenhadas adiante


Pelo acaso.






Sei que o sol


Apenas refaz as ilusões de mundo


Em banal novidade...







RICHARD WILLIEN E A TRADUÇÃO OCIDENTAL DO I CHING


Richard Williem, o sinólogo e melhor tradudor para o inglês do I Ching, entendeu o TAO como “sentido” ou “significado”, como o princípio ou premissa de inter-relacionamento de todas as coisas. Trata-se, em termos ocidentais, de uma recusa da dicotomia entre mente e matéria inspirada em Descartes.

O TAO era para ele, assim como para seu amigo C G Jung, um principio acausal que integra o exterior do mundo e o interior da auto consciência individual em uma unidade psicológica que estaria na base de nossa experiência de realidade...

segunda-feira, 15 de fevereiro de 2010

A CIENCIA MEDICA DE HOUSE by andrew holtz


“PERIGO NO MEDICO- É preciso ter nascido para seu medico, caso contrario se perece pelo seu medico.” F. Nietzsche in Humano, Demasiadamente Humano.

CIENCIA MEDICA DE HOUSE by Andrew Holtz, é uma obra impar que apresenta um interessante panorama da prática medica norte americana tomando como inspiração o universo ficcional da premiada serie de Tv exibida pela FOX.
Ao final da leitura o leitor leigo obtém um satisfatório quadro geral sobre alguns aspectos técnicos da série, podendo ponderar sobre suas verdades e exageros e, acima de tudo, refletir sobre o mito do Dr. House e o tipo de racionalidade e individuo que ele representa e personifica no imaginário social.
Se o livro de Holtz nos chama demasiada atenção para a impossibilidade de existencia de um House entre os nossos médicos reais, dado seu irreverente talento para solapar a ética medica das mais imaginativas formas possíveis, por outro lado, é inegável que a personagem personifica algo de essencial a pratica da medicina: a combinação entre conhecimento, intuição, experiência e bom julgamento, que não raramente falta aos nossos médicos reais conformados aos protocolos éticos e convenções do cotidiano hospitalar.
Segundo o autor, House corresponde a chamada doutrina da medicina baseada em evidencias:

“De certo modo, a personalidade do dr. House está bem enquadrada na doutrina da medicina baseada em evidencias. Embora a maior parte das pessoas tenda a confiar nas opiniões de especialistas, ele demonstra pouco respeito pelas figuras de autoridade ou pelos conselhos de especialistas, com base apenas em suas reputações. Ele não escolheria determinado tratamento simplesmente porque algum especialista o considerou a melhor opção para o caso.
É exatamente assim que funciona a medicina baseada em evidencias. A ‘opinião especializada” é considerada a menor forma de evidencia possível; não é desprovida de valor, mas é algo que só deve ser usado quando não houver outros dados disponíveis. Afinal de contas, a opinião dos especialistas pode não ser mais do que a soma do que um único medico lembra de sua experiência clinica, que esta sujeita aos caprichos da memória e aos naturais vieses humanos.”

( Andrew Holtz. A ciência medica de House: A verdade por trás dos diagnósticos da série de TV. Tradução de Adriuana Rieche. RJ: Editora Best Seller, 10° ed. , p. 161-162. )


NIETZSCHE E O SEGREDO DO ESCRITOR



Um bom escritor deve transgredir a linguagem com sua caligrafia a ponto de transformá-la em metáfora do indizível e ilegível cotidiano vivido que transcende o mero cotidiano e socialmente estabelecido.
Um bom escritor nos oferece uma chave para o desconhecido...
Segundo o aforismo 183 de Nietzsche em Humano, Demasiadamente Humano:

“ A CHAVE. O pensamento isolado ao qual um homem notável atribui um grande valor, para riso e zombaria dos insignificantes, é para ele uma chave de tesouros ocultos; para aqueles , nada mais que uma peça de ferro-velho.” .

EXISTENCIA E ONTOLOGIA

A existência é uma esfinge que nos desafia a responder enigmas e escapar a labirintos que só existem como partes estranhas de nós mesmos...

Somos nossas próprias questões e os vazios que nos motivam como vontade e desejo em uma busca inútil do próprio rosto. Por isso acontecemos em círculos...


DIA PERDIDO


Um dia de azul aço
Cobre todas as coisas,
Cai sobre os olhos
E as almas
Que habitam cada individuo.
Hoje não haverá destinos
Ou rotinas.
Apenas o tempo
Preso ao corpo
E o silêncio do mundo
Até o derradeiro instante
Do riso noturno
Escrito em sonho...