Os anos passam
Por mim
Em todas as coisas
Que se perdem,
Que se deitam
E se deixam,
As margens do agora,
No mais clandestino
Acontecer da existência.
Os anos passam
E me apagam
Aos poucos...
Este Blog é destinado ao exercicio ludico de construção da minima moralia da individualidade humana; é expressão da individuação como meta e finalidade ontológica que se faz no dialogo entre o complexo outro que é o mundo e a multiplicidade de eus que nos define no micro cosmos de cada individualidade. Em poucas palavras, ele é um esforço de consciência e alma em movimento...entre o virtual, o real, o simbolo e o sonho.
quarta-feira, 10 de outubro de 2012
AS EXIGÊNCIAS DO SILENCIO
Sofro o peso
De alguns silêncios
Rasgados
E espalhados
Sobre descartados pensamentos
De fim de tarde.
Vivo da essência de seus vazios,
De suas comedidas exigências
De horizontes e novidades
Que nunca consumam o futuro.
De alguns silêncios
Rasgados
E espalhados
Sobre descartados pensamentos
De fim de tarde.
Vivo da essência de seus vazios,
De suas comedidas exigências
De horizontes e novidades
Que nunca consumam o futuro.
segunda-feira, 8 de outubro de 2012
SOBRE O DESLOCAMENTO DOS SIGNIFICADOS E INDIVIDUALIDADE HUMANA
A vida do individuo é apenas um apêndice da vida da própria espécie humana, mas na medida em que vivemos em uma sociedade em que o passado já não mais determina nosso presente de modo a condicionar nossa inserção na vida social, em que gozamos de um razoável leque de possibilidades de escolhas, a curta experiência de uma vida humana, torna-se lugar privilegiado do se fazer humano conferindo a imaginação e a criatividade um estatuto novo.
A contemporaneidade, marcada por uma inserção cada vez maior de “artifícios” no se fazer da experiência humana, como tão bem atestam cada vez mais as novas tecnologias digitais, estabelece condições novas a formatação da consciência enquanto interseção entre o codificar/inventar o real como linguagem e o simples e instintivo exercício de estar vivo no superficial de cada momento.
Em outras palavras, o individuo tende a tornar-se mais complexo, deslocado dos universos culturais em que cotidianamente se inscreve, na exata medida em que estes já não lhes proporcionam qualquer segurança ou garantias de funcionalidade coletiva, jogos teleológicos que sustentem qualquer Imagem mundo universal capaz de proporcionar significado e orientação simbólica.
O mundo em que vivemos torna-se assim cada vez menor, menos legível, na exata medida em que somos, enquanto indivíduos, desfiados a reaprender a existência em um contexto cultural em que o deslocamento dos sentidos e significados parece definir o jogo simbólico das praticas societárias e culturais.
SOBRE A INDETERMINAÇÃO COMO PRINCIPIO DA CONDIÇÃO HUMANA
Segundo Zygmunt Bauman em A Modernidade Líquida, vivemos tempos de volatilidade, instantaneidade, ambivalências e fragilidades onde o imediatismo passou a nortear a experiência do individuo em uma realidade societária em que os laços e relações intersubjetivas já não se adequam a funcionalidade de qualquer tipo ideal de persona social imposto por um conjunto de valores universais capaz de criar duradouros laços de identidade e solidariedade.
Vivemos, ao contrário, sob a precária logica de uma efemeridade absoluta.
Longe de mim atribuir a condição cultural aqui descrita qualquer valoração negativa. Creio, ao contrario, que ela é potencialmente fecunda. Afinal, em nenhuma outra época os indivíduos gozaram de tamanha autonomia e liberdade de escolha e criação. Nunca antes as codificações do real e indeterminações da consciência foram tão livres de qualquer crivo moral ou social.
O deslocamento ontológico das identidades, a desconstrução da subjetividade, apesar da emergência dos neo fundamentalismos, desenham um horizonte novo ao acontecer humano no mundo onde o inteiramente outro de nossas possibilidades já não encontra abrigo em qualquer projeto de sociedade ou na organicidade de qualquer paradigma cognitivo.
Aprendemos, ao contrário, apenas saborear a profundidade incerta do superficial, a indeterminação como essência de nossa condição humana.
quinta-feira, 4 de outubro de 2012
POR DO SOL
A luz morna do sol
Cobre as paisagens
De fim de tarde
Onde a vida
Desmaia em todas
As coisas...
Já não é cedo
Nem tarde.
Tudo é agora
E urgente
Antes que a noite
Nos turve o tempo.
Cobre as paisagens
De fim de tarde
Onde a vida
Desmaia em todas
As coisas...
Já não é cedo
Nem tarde.
Tudo é agora
E urgente
Antes que a noite
Nos turve o tempo.
MEMÓRIAS SOLTAS
Levo comigo
No bolso esquerdo
Algumas boas memórias
Que gosto
perto do coração.
Quando cai a noite
E nada tenho
Para pensar
Gosto de usa-las
No bolso esquerdo
Algumas boas memórias
Que gosto
perto do coração.
Quando cai a noite
E nada tenho
Para pensar
Gosto de usa-las
contra o tempo de agora.
Elas norteiam
O momento
E inventam caminhos
Quando tudo
Que resta
Existe longe e lá fora...
Elas norteiam
O momento
E inventam caminhos
Quando tudo
Que resta
Existe longe e lá fora...
AFORISMAS INTEMPESTIVOS
As respostas a qualquer questão formulada
Normalmente se encontram
Onde nossas perguntas se calam
Tranvestindo-se de certeza.
@
Pensar é um simples ato de imaginação.
@
A previsibilidade do dia seguinte é tão ilusória quanto nosso nascimento.
@
A ordem é a desorganização provisória do caos.
segunda-feira, 1 de outubro de 2012
QUEBRA CABEÇA
Minha vida
É um quebra cabeça
Cujas peças
Aos poucos se espalham
Em todas as direções
Do tempo,
Dispersas no labirinto
Da condição humana...
É um quebra cabeça
Cujas peças
Aos poucos se espalham
Em todas as direções
Do tempo,
Dispersas no labirinto
Da condição humana...
AFORISMAS SOBRE O IDEAL DE FELICIDADE
Os bons momentos nos fazem felizes na brevidade de um mero instante de tempo, mas nos atormentam pelo resto da existência como cara lembrança de algo bom e irremediavelmente perdido.
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A felicidade não existe na objetividade de qualquer experiência vivida, mas no irracional e subjetivo sentimento de tais experiências.
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A felicidade é o não lugar de nossa realidade recriada na tela de um espelho mágico.
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Toda ideia de felicidade guarda um gosto de devaneio e infância.
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Ser feliz é ser possuído pelo delírio de uma alegria que nos cala os olhos para realidade.
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Felicidade e utopia são como duas irmães siamesas que jamais se entendem sobre o ideal e o sonho.
segunda-feira, 24 de setembro de 2012
IMEDIATISMO
Não busco qualquer
Satisfatória
Definição de vida
Que me explique
Definitivamente
A existência.
Sei que
A melhor maneira
De pensar as coisas
E intensamente
Vive-las
Sem tempo
Para representá-las
No abstrato
De qualquer palavra
Ou através dos cotidianos
E mecânicos planos
De simples perpetuar biográfico
A vida é a brevidade
Do simples agora
Em minhas urgências
De momento...
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