O DESAFIO DE SER

A vida é mais do que trabalhar, 

consumir e obedecer.

 Pois, além de comer, 

vestir, existir e respirar, 

todo mundo precisa, 

acima de tudo,

acontecer , criar, 

e, se possível, ser

além do simples viver.

CRISE CIVILIZACIONAL

Livres da prisão da Razão e da História, 

conformados ao eterno retorno do tempo de agora, 

 nos assumimos reféns

 da grande catástrofe ocidental. 

Sabemos, contra a modernidade, 

a urgência de uma nova terra

 onde será enterrado o último homem,

ao lado de Deus e do Estado,

depois de alguma tragédia climática global.

A ARTE DE APAGAR-SE

A coragem de inventar -se

transcende a vontade de realizar-se

reduzindo a existência

 a uma experiência incerta

de  evasão e saudade.

Desaparecer de si

é tudo que importa

quando a vida se torna 

uma forma de arte

que se confunde com a impermanência 

de tudo que existe.

OS LIMITES DA EXPERIÊNCIA

Tudo que se torna íntimo,

  familiar,

aprisiona nossa existência.

Pois, nossa consciência 

é um misto de afeto e

memória

de lugares, pessoas

e  épocas

que configuram nossa experiência.

Cada um de nós 

é o passado que carrega.

Não passamos de um ponto de reminescência.

ANTI COSMOLOGIA

Estão superados os humanismos e antropocentrismos inspirados

por um homem deus aberrante.

Desacreditamos  da nefasta idéia de Humanidade, Razão e Estado.

Experimentamos a natureza,

a comunhão dos corpos,

na finitude e imanência 

de um universo sem qualquer sentido.

Apostamos no não significado,

na liberdade da palavra aberta em mundo e ato,

contra o sagrado e o profano.

A VIDA QUE VEM SERÁ LIBERDADE

A vida que vem

não será vigiada,

controlada,

submetida a autoridade

dos saberes e poderes

da modernidade.

A vida que vem será periférica e selvagem.

Será liberdade, natureza e arte,

contra os poderes e vaidades

que sustentam a ordem vigente

contra nossa criatividade.

INDEFINIÇÃO DE VIDA

A vida é, definitivamente, 

 a coisa mais incerta da natureza. 

Ela existe no tempo, 

no movimento. 

Posto que é corpo,

e, apenas parcialmente 

existe como consciência. 

A vida é o que não se vê, 

o que não se pensa.

ESTAR EM CASA

Estar em casa

é habitar um eu,

um tempo de si

e dos outros,

na contramão da existência comum.

Estar em casa

é morar em si mesmo

contra o trabalho, o cotitiano

e o Estado.

ALÉM DO COTIDIANO E DA ROTINA...

Além do cotidiano e da rotina 

o anarquismo se inventa

como forma de vida,

modo de existência,

onde cada um se sustenta

como singularidade.

Além  do cotidiano e da rotina

 cada indivíduo é Único,

 incomum, além dos rótulos,

 resistências e sobrevivências.

Além do cotidiano e da rotina 

tudo é imanência.

Criamos heterotopias

adivinhando passados,

reinventando futuros,

redescobrindo a natureza e o corpo

no transbordar da existência.

REBELAR-SE É TENTAR REINVENTAR A VIDA

Sobreviver tem sido

abdicar de si mesmo.

Existimos como coisas,

números, recursos.

Não existimos para vida.

Pois viver é privilégio

e a sociedade tem por meta

o bem estar de poucos.

Por isso rebelar-se

é tentar reinventar a vida 

para o bem de todos.