sábado, 11 de maio de 2024

O SER E O MUNDO

Deixe de lado a preguiça de ser.
Esqueça a falsa realidade que dorme nos livros
e vá se encontrar mudo no mundo.

A vida é curta e o corpo é urgente.
Exista enquanto ainda é tempo.
Esgota teu pensamento na experiência do inútil,
saiba profundamente 
o efêmero acontecer das coisas.
Torne-se gente.

Seja breve e superficial.
Afinal, nada  é profundo.
Tudo que temos é a inutilidade íntima das coisas na incerteza de cada segundo.


A existência é o nada das variantes de um incerto momento
 perdido na vastidão de um esquecimento profundo.

O resto é a indiferença de ser no mundo,
o grande silêncio onde aos poucos desapareço
farto de ser contra tudo.






sexta-feira, 10 de maio de 2024

MANIFESTO CONTRA MODERNO

Não sou humanista,
republicano ou nacionalista.
Não sou branco, burguês ou moderno.

Não me tomem como  herdeiro do iluminismo ou de algum bem intencionado liberarismo.

Quero distância dos idealismos, materialismos e elitismos,
tanto quanto dos carcumidas escolásticas e moralismos.

Ao inferno as metafísicas,
castas, catedras e catecismos!!

Sou negro, periférico e insubmisso.
Um perfeito inimigo da ordem,
do Estado e dos que buscam sucesso.
Sou orgulhosamente  um desclassificado.

Meu lugar é entre os iletrados, desqualificados e amaldiçoados
que desafiam poderes e pedestais.

Acima de tudo sou um rebelde
avesso a detestável realidade
do mundo atual.
Sei que a modernidade é um desastre.




quinta-feira, 9 de maio de 2024

NÃO IMPORTA O QUE IMPORTA

Não me importa
o que te importa.
Cada um se confunde
com a impessoal e duvidosa
realidade
 de sua verdade imprópria.

Todo mundo é uma obra torta,
uma peça de ficção,
uma ilusão,
que o tempo transmuta em resto,
pó e silêncio.
Não importa o que importa.

terça-feira, 7 de maio de 2024

ALÉM DE SI E DO MUNDO

Não sou o mundo.
Sou o outro
contra todos
na ilusão de um eu
e na prisão de um rosto.

Existir é ser no absurdo,
acontecer em miragem biográfica,
saber-se finito,
dentro do quase infinito
de incertas  multidões.

É estar preso
em um determinado tempo e espaço,
que nos ignora e descarta
enquanto tudo passa
vazio de absolutos 
Através de lúcidas alucinações.

O que é o mundo,
onde sou eu?
Viver é a ilusão 
de saber de si mesmo
como se fosse um mundo.


quinta-feira, 2 de maio de 2024

A EXPRESSÃO TRANSCENDE A RAZÃO

Não importa 
O que foi pensado, 
dito, escrito
 Ou silenciado. 

 Não importa nada
 Que ficou preso 
Num livro, 
Numa aula, 
Ou no silêncio negro de um quadro. 

 Não importa
toda ilusão linguística e normativa,
todo delírio ou embriaguez  biográfica
em turbilhões de imagens, 
signos e símbolos.

Nada é mais autêntico e expressivo 
do que a banalidade da nudez semiótica de um grito.

As mais radicais formas de expressão 
são  aquelas que desafiam
os limites da simples razão
transbordando na embriaguez do mito.


sábado, 27 de abril de 2024

POESIA LIBERDADE

A poesia,
quando intensa
em sua potência,
é experiência de liberdade.

Recusa a ordem pública,
toda forma de prestígio, 
distinção, poder, 
ou ilusão de verdade.

A poesia,
é  irmã mais velha  da rebeldia.
Inimiga do Estado, 
da fé e das ideologias.

Expressão da  mais franca revolta,
ela sempre reivindica o impossível 
 e desafia nosso senso de realidade.

A poesia é liberdade
e não se reduz a  uma questão de linguagem.


quarta-feira, 17 de abril de 2024

FINITUDE

Tudo que me importava, 
que me definia a realidade
 e me ligava afetivamente ao mundo,
 Já não existe mais. 

 grande parte de quem fui e sou
é agora vaga e inútil memória 
 de tempos que não voltam mais.
 
Sou apenas um resto de mundo desfeito,
um tico de banalidade e finitude 
que discretamente se desfaz
submerso no vento do tempo.

A SUBVERSÃO DO VERBO

Só é realmente dita
a palavra
que transcende a escrita,
que se faz carne e língua
no osso das letras.

Pois palavra é ação,
verbo que transcende
o jogo da representação 
e a ilusão do significação.

Dizer é subversão 
 não é norma,
nem convenção.
É corpo em movimento 
e em transformação.

terça-feira, 9 de abril de 2024

VIDA QUE SEGUE

Tenho tentado viver minha vida,
apesar dos ismos, religiões 
rebanhos e mercados.

Tenho buscado meu próprio caminho
sem  sucumbir aos outros,
a falsos juízos, convicções 
empregos e Estados.

Tenho me esforçado
para superar meus fardos,
evitado livros, encontros
e espetáculos.

Tenho fugido da companhia 
de todos os convictos.
Não importa se bem intencionados, ingênuos ou fanáticos.

Assim venho  reduzindo meus fracassos,  
evitando o grande baile dos condenados.

O fato é 
que a vida segue,
apesar de tudo.
A vida segue
sem grandes sustos.


RECOMENDAÇÕES NIILISTAS

Importa apenas
o que te faz livre.
Seja de si,
dos outros ou do mundo.

Inventa
seu próprio modo de existir
as margens de toda verdade,
hierarquias, 
rebanhos e leis.

Aconteça na contramão da realidade
que todos fingem que sabem
por demasiada vaidade.

Experimente, até  às últimas consequências,
a desimportância
de ser em insignificâncias,
no abrigo de alguns silêncios,
sem a ilusão de esperanças
ou a proteção de algum rei.