quarta-feira, 29 de junho de 2022

LIBERDADE E IMAGINAÇÃO

Não importa o tamanho
dos meus limites.
Em todo espaço 
onde me faço corpo
invento a aventura
de ser livre.
Nenhuma forma de prisão,
nenhuma força ou opressão, 
diminui a potência de nossa imaginação criadora. 

terça-feira, 28 de junho de 2022

ASSIGNIFICANTE

Tudo em mim
é arcaico,
passado,
e intempestivo
no eterno retorno do futuro.

Nada em mim pertence ao presente
ou se pretende infinito.

Sou essencialmente mudança, 
duração efêmera
que não tem limite ou sentido.


sábado, 25 de junho de 2022

INCONSCIÊNCIA

A existência é questão de imaginação. 
Pois, a realidade,
se existe,
escapa as percepções e convenções humanas.
Tudo em nós é superfície,
ilusão
ou, simplesmente,
signo e símbolo.

sexta-feira, 24 de junho de 2022

ONTOLOGIA LIBERTÁRIA

Minha existência não tolera
tutela estatal ou moral.
É corpo e movimento
no raso abismo de si.

É ato contínuo de potência,
pulsão libertária 
que se inventa memória,
duração e criação de mundos,
entre mitologias e imanências.

Minha existência é liberdade,
singularizada experiência 
do além do humano
em devir natureza.




domingo, 12 de junho de 2022

O PARADÓXO DO SILÊNCIO

Tenho aprendido a saber o silêncio,
a presença muda das coisas
quando despidas de informação,
livres de qualquer exigência de comunicação ou significação. 

Onde não há sujeito e objeto
não se percebe os limites entre as coisas.

Tudo se mistura na composição da experiência do aqui e agora,
na decomposição do eu na inconsciência do sensível em toda sua inconstância. 

Pois no silêncio tudo se torna vivo, incerto e inumano.
Cada coisa participa da outra
tornando a vida incompativel
com a ilusão de nossa condição humana.

O eu e o mundo são uma única coisa em movimento
e as palavras são desnecessárias
onde o mínimo  é infinito e o máximo imperceptível.






terça-feira, 7 de junho de 2022

TEMPO LIVRE

Preciso de um tempo livre
onde não caiba o dia de 24 horas,
o lazer previsível do entretenimento,
o descansar programado, coletivo e vazio
de passear no  parque das redes sociais.

Preciso de um tempo livre pra fugir da informação, do mundo,
do preço das coisas,
e saber o corpo despido do ego,
do desejo,
 e da necessidade mesquinha de ser nos outros.

Preciso provar o nada, o vazio,
onde a imaginação aflora
na superfície da pele de um silêncio quase absoluto,
onde tudo é imanente e telúrico,
no verde musgo do ventre de um antigo poço.

Preciso de um tempo livre do  tempo sem retorno que nos persegue e inventa modernos.

Preciso de um tempo que me faça ser tempo,
onde eu não precise mais de tempo.



domingo, 5 de junho de 2022

TODA VERDADE ESTA MORTA!

A verdade é uma doença 
que apodrece as palavras,
que anoitece a percepção, 
e nos embriaga de certezas.

A verdade é um misto
de poder e delírio 
contra a natureza, a morte,
e o ilegível do lado negro da lua.

A verdade é a doença 
que nos torna absurdamente  humanos,
indescentemente modernos,
contra o ocaso e a incerteza 
de nossa própria existencia.

É preciso enterrar de vez 
o cadaver de deus,
do homem e da verdade,
antes que seja tarde
para desistir do mundo
e se entregar aos quatro cantos
da imaginação  dos corpos e dos contágios.

A revolução dos virus e dos quase mortos 
que recusam a miséria  de nossa cotidiana realidade ascética
de putrefada saúde e  ilusão  de alma,
está apenas começando.

DESENCONTRO

Há um desencontro,
sempre renovado,
entre o corpo e o mundo,
entre o tempo e o espaço,
na coincidência da vida e da morte.

A consciência é uma ferida aberta
em nossa percepção,
uma agonia, uma ilusão.

Há apenas um desencontro
entre o corpo e o mundo
no mais profundo acontecer
da natureza e do inumano.

A natureza é aquilo que nos mata.



sábado, 28 de maio de 2022

DEFINIÇÃO DE LIBERDADE

Liberdade
é saber a vida
como obra de arte.

É afirmar-se como potência, como vontade cega,
onde todas as coisas coincidem 
despidas dos valores e verdades
que deformam o mundo.

Ser livre é viver o jogo de forças 
que nos faz natureza,
desejo e imanência, 
além dos artifícios humanos.

É saber a intuição  do inominável,
a existência como movimento
na imensidão das coisas pequenas.

quinta-feira, 26 de maio de 2022

A VIDA COMO DEVIR



O devir da vida 
é inumano,
imanente,
e insurgente,
na composição de forças, 
que define a terra no universo.

Nele
Tudo retorna no sem tempo
além da ilusão da existência
entre matéria e anti matéria.
Tudo é impreciso no sem sentido das coisas
no sublime espanto
do corpo e do caos.

O devir da vida é experiência de movimento
que não se conforma a razão
e escapa a toda definição
no mais intenso do sem tempo.