sábado, 25 de junho de 2022

INCONSCIÊNCIA

A existência é questão de imaginação. 
Pois, a realidade,
se existe,
escapa as percepções e convenções humanas.
Tudo em nós é superfície,
ilusão
ou, simplesmente,
signo e símbolo.

sexta-feira, 24 de junho de 2022

ONTOLOGIA LIBERTÁRIA

Minha existência não tolera
tutela estatal ou moral.
É corpo e movimento
no raso abismo de si.

É ato contínuo de potência,
pulsão libertária 
que se inventa memória,
duração e criação de mundos,
entre mitologias e imanências.

Minha existência é liberdade,
singularizada experiência 
do além do humano
em devir natureza.




domingo, 12 de junho de 2022

O PARADÓXO DO SILÊNCIO

Tenho aprendido a saber o silêncio,
a presença muda das coisas
quando despidas de informação,
livres de qualquer exigência de comunicação ou significação. 

Onde não há sujeito e objeto
não se percebe os limites entre as coisas.

Tudo se mistura na composição da experiência do aqui e agora,
na decomposição do eu na inconsciência do sensível em toda sua inconstância. 

Pois no silêncio tudo se torna vivo, incerto e inumano.
Cada coisa participa da outra
tornando a vida incompativel
com a ilusão de nossa condição humana.

O eu e o mundo são uma única coisa em movimento
e as palavras são desnecessárias
onde o mínimo  é infinito e o máximo imperceptível.






terça-feira, 7 de junho de 2022

TEMPO LIVRE

Preciso de um tempo livre
onde não caiba o dia de 24 horas,
o lazer previsível do entretenimento,
o descansar programado, coletivo e vazio
de passear no  parque das redes sociais.

Preciso de um tempo livre pra fugir da informação, do mundo,
do preço das coisas,
e saber o corpo despido do ego,
do desejo,
 e da necessidade mesquinha de ser nos outros.

Preciso provar o nada, o vazio,
onde a imaginação aflora
na superfície da pele de um silêncio quase absoluto,
onde tudo é imanente e telúrico,
no verde musgo do ventre de um antigo poço.

Preciso de um tempo livre do  tempo sem retorno que nos persegue e inventa modernos.

Preciso de um tempo que me faça ser tempo,
onde eu não precise mais de tempo.



domingo, 5 de junho de 2022

TODA VERDADE ESTA MORTA!

A verdade é uma doença 
que apodrece as palavras,
que anoitece a percepção, 
e nos embriaga de certezas.

A verdade é um misto
de poder e delírio 
contra a natureza, a morte,
e o ilegível do lado negro da lua.

A verdade é a doença 
que nos torna absurdamente  humanos,
indescentemente modernos,
contra o ocaso e a incerteza 
de nossa própria existencia.

É preciso enterrar de vez 
o cadaver de deus,
do homem e da verdade,
antes que seja tarde
para desistir do mundo
e se entregar aos quatro cantos
da imaginação  dos corpos e dos contágios.

A revolução dos virus e dos quase mortos 
que recusam a miséria  de nossa cotidiana realidade ascética
de putrefada saúde e  ilusão  de alma,
está apenas começando.

DESENCONTRO

Há um desencontro,
sempre renovado,
entre o corpo e o mundo,
entre o tempo e o espaço,
na coincidência da vida e da morte.

A consciência é uma ferida aberta
em nossa percepção,
uma agonia, uma ilusão.

Há apenas um desencontro
entre o corpo e o mundo
no mais profundo acontecer
da natureza e do inumano.

A natureza é aquilo que nos mata.



sábado, 28 de maio de 2022

DEFINIÇÃO DE LIBERDADE

Liberdade
é saber a vida
como obra de arte.

É afirmar-se como potência, como vontade cega,
onde todas as coisas coincidem 
despidas dos valores e verdades
que deformam o mundo.

Ser livre é viver o jogo de forças 
que nos faz natureza,
desejo e imanência, 
além dos artifícios humanos.

É saber a intuição  do inominável,
a existência como movimento
na imensidão das coisas pequenas.

quinta-feira, 26 de maio de 2022

A VIDA COMO DEVIR



O devir da vida 
é inumano,
imanente,
e insurgente,
na composição de forças, 
que define a terra no universo.

Nele
Tudo retorna no sem tempo
além da ilusão da existência
entre matéria e anti matéria.
Tudo é impreciso no sem sentido das coisas
no sublime espanto
do corpo e do caos.

O devir da vida é experiência de movimento
que não se conforma a razão
e escapa a toda definição
no mais intenso do sem tempo. 


 


quinta-feira, 19 de maio de 2022

CONTRA IDENTIDADE

É no incerto ponto de encruzilhadas e
fronteiras
que me invento no movimento do tempo,
que me faço constantemente outro,
que me desfaço de mim mesmo,
afogando no mundo.

Sei que no fundo existo vivo e morto,
que sou um permanente esforço, esboço,
de composição incerta de um corpo quase inumano na anti identidade do desejo.
Entre coisas, maquinas e delírios,
sigo decomposto e exposto.



quarta-feira, 18 de maio de 2022

SOBRE O CÉU E O CHÃO

Existe um céu
para cada  estrela que se esconde
no infinito da escuridão
através do silêncio do universo.
Pois o céu acontece apenas no ato de olhar.
O céu não existe.
Esqueçam tudo que dizem sobre o céu. 
É mais importante inventar o chão.