quarta-feira, 2 de março de 2022

NO MUNDO DA INFORMAÇÃO

Os olhos cansados diante da tela
já não passeiam mais.
Mal sabem percorrer o texto
cujo sentido se esvai em informação. 
Texto que é seguido de outro,
no desfile de um dizer banal,
como degradadas paisagens perfeitas
de qualquer comercial.

segunda-feira, 28 de fevereiro de 2022

O HOMEM VERDE

Visto o verde musgo
das pedras 
que dialogam com o rio.
Existo entre a terra e o mar
ao sabor do vento
sem o peso de estar
em qualquer lugar.
A natureza ensina a beleza
de uma vontade dispersa
que ignora o querer
e sabe sonhar.
Vestido de verde
vivo o encantamento do mundo
entre os animais selvagens. 

segunda-feira, 21 de fevereiro de 2022

SOBRE O PASSAR DOS ANOS

Sofremos os dias que nos inventam
como se as horas
fossem palavras já ditas, 
escritas em nossas rotinas,
e o futuro fosse feito de algumas  certezas.
Mas nenhuma verdade
nos revela os anos.
Tudo é sempre novo e desconhecido.

A vida e o tempo nunca envelhecem,
ao contrário dos nossos corpos
e dos nossos dias
que quase nunca
suportam memória.

sábado, 19 de fevereiro de 2022

OS DOIS LADOS DA PALAVRA

O lado de dentro da palavra é a vida. Vida que quando não é dita ou escrita, escapa através do silêncio que nos devora.

O lado de fora da palavra é a escuta que nos transforma
reinventando a vida que nos cala
e aos poucos vai embora.


quinta-feira, 17 de fevereiro de 2022

O SENTIDO DO SILÊNCIO

Refugiados em alguns discursos, buscamos abrigo contra a perplexidade que nos obriga ao silêncio.
Mas é um esforço inútil...
Lutamos contra a indeterminação de um luto universal
que denuncia nossa carência ontológico, nossa falta de mundo, que desfaz o sentido de qualquer palavra.

terça-feira, 15 de fevereiro de 2022

SENSIBILIDADE BARROCA

No labirinto barroco das oposições,
luzes inventam sombras,
na vertigem de ermas alturas.
Tudo é incerteza e evasão,
na angustia da distância,
nos abismos da imaginação,
na fome crua de redenção,
entre a sensualidade e o inatingível.

domingo, 13 de fevereiro de 2022

O RIDÍCULO DA MODERNIDADE

A modernidade, com seus saberes e disciplinas, com sua razão pudica, reduziu o homem a um animal doméstico.
O industrialismo e a mercantilização da vida tornarnaram,  no mínimo, ridícula a declaração dos direitos universais...
A metanarrativa de uma razão emancipadora e tecnicista nos conduziu a domesticação das consciências e ao controle estatistico dos corpos, agora reduzidos a triste categoria de população.
A disciplina da educação e do trabalho fez do "cidadão republicano" um bichinho adestrado e dedicado a mera sobrevivência, resignado aos poderes que o atravessam na produção de sociabilidades e razões de Estado.

SOBRE A REALIDADE

A realidade,
é feita da vida crua
dos corpos,
da orgia das imagens,
e meta linguagens,
que tranacendem a razão e a verdade.

A realidade é niilista,
absurdista, e dadaista.
E faz questão de näo fazer sentido
contra todas as verdades humanas.

A realidade não cabe em nossas cabeças
e muito menos nos livros.







sábado, 12 de fevereiro de 2022

META IMAGINAÇÃO

Imagens nos criam
na invenção do mundo.
Imagens sem tempo,
infinitas,
e quase intraduziveis.
São elas que nos decifram
na trama dos pensamentos.


Metamorfoses de imagens
embriagam a percepção
além dos sentidos
e tudo se faz movimento
e indeterminação.




quinta-feira, 10 de fevereiro de 2022

TERRA EM TRANSE



A America não é ocidente, nem oriente.
A América é um em devir inumano onde jamais fomos modernos, onde o intempestivo nos surpreende na gaia ciência de um existir intensivo, incerto, além do telúrico e a luz de um céu profundo.