Nascer é um existir para o mundo, é tornar-se, mesmo que provisoriamente, parte da sua realidade. Cada um de nós é uma versão particular do mundo comum que se faz materialidade, corporeidade, através do nós do um. Assim, o mundo nos contém, ele é através de nós. Mas nós não somos o mundo, pois não podemos em nossa singularidade conceber sua totalidade. Ele nos escapa e, dessa maneira, o arranjo provisório de nossa impessoal individualidade torna-se possível como uma espécie de alienação. O mundo nos antecede e supera. Cada um de nós é nada no criar-se de tudo.
Este Blog é destinado ao exercicio ludico de construção da minima moralia da individualidade humana; é expressão da individuação como meta e finalidade ontológica que se faz no dialogo entre o complexo outro que é o mundo e a multiplicidade de eus que nos define no micro cosmos de cada individualidade. Em poucas palavras, ele é um esforço de consciência e alma em movimento...entre o virtual, o real, o simbolo e o sonho.
domingo, 1 de março de 2020
sábado, 29 de fevereiro de 2020
CONHECIMENTO E INFÂNCIA
Quando a memória da infância substituir a filosofia da História a imaginação se revelará a mãe de todo saber da vida, de todo dizer possível do mundo.
O assombro da existência, o caos do múltiplo e do inconstante, há de por em primeiro plano a vertigem do pensamento.
É preciso saber sempre de novo o mundo com a inocência de uma criança, tornando toda experiência de si e do mundo uma vivência de infância.
FORA DE CONTROLE
Vivemos em um mundo que escapa a ingênua crença em um controle humano da natureza e dos artifícios coletivos de produção da nossa própria existência.
O homem não é a medida de todas as coisas, assim como os deuses não habitam em uma realidade mais profunda e absoluta.
Tudo é existe fora de qualquer controle ou propósito. A vida é incerteza e espanto e nenhuma razão ou técnica irá nos salvar de nós mesmos.
O CONHECIMENTO COMO ABISMO
É justamente a impossibilidade de conhecer, de estar certo de alguma coisa, que paradoxalmente inspira a experiência do conhecimento.
É a incerteza quem alimenta o saber como uma vontade de conhecer, como um modo de ser na linguagem que ultrapassa o dizer.
O conhecimento estabelece a si mesmo através da consciência de sua própria ausência. Ele é sempre uma falta, um vazio a consumir aquele que conhece e desaparece em sua busca.
O conhecimento é a mais sofisticada forma de ignorância.
quinta-feira, 20 de fevereiro de 2020
A VOZ QUE DANÇA
A voz que dança enuncia vida.
Foge ao logos,
não comunica.
Ela é pura expressão, movimento,
cheio de texturas, velocidades e tempos.
A voz que dança é desatino,
poesia e forma
na expressão do corpo irrequieto.
Ela é a experiência de um destino,
de um ponto em transição na paisagem
do grande texto mudo do mundo.
a voz que dança nos transmuta em sopro.
a voz que dança nos transmuta em sopro.
quarta-feira, 19 de fevereiro de 2020
HÁ MUITOS SILÊNCIOS NO MEU DIZER
Mesmo quando não me calo
Guardo silêncios.
Digo apenas o necessário
Contra todas as expectativas .
Deixo palavras ao vento
Para os ouvidos do abismo
Contra o coro das verdades explícitas.
Meu dito busca a intensidade da mudez do mito
Na expressão do intraduzível
Do mais imediato e vivido.
terça-feira, 18 de fevereiro de 2020
O IMPENSADO
O impensado do pensamento vive na potência do virtual.
Ele é um quase ser que existe em nós, que cria através de nós,
O póstumo como condição do devir,
Do indeterminado e incondicionada
Que grita em nós,
É expressão do vir a ser
Que nos consome e consuma.
O CAMINHO DO NIILISMO
Não participarei das verdades comuns,
Dos afetos comuns,
Das angústias e necessidades comuns.
Muito menos irei me submeter aos valores e princípios comuns.
Pretendo construir meu íntimo nada
A margem do mundo.
Superar o trauma do nascimento
Inventando minha própria versão do vazio de viver,
Minha auto desconstrução voluntária de ser.
quinta-feira, 13 de fevereiro de 2020
TEMPO
Escrevo para me perder no tempo,
para perder tempo,
para não saber o tempo,
para esquecer o tempo,
para lembrar o tempo,
para dizer o tempo
E, por fim,
GRITAR O TEMPO
GRITAR O TEMPO
enquanto ainda é tempo...
quarta-feira, 12 de fevereiro de 2020
CONFUSÃO DO TEMPO
O passado me vem do futuro.
Pois ando correndo contra o tempo
na contramão da civilização e do progresso.
Tenho janelas abertas nos olhos
e portas fechadas nas mãos
para derrubar as paredes do tempo.
Já nasci póstumo.
O presente não é meu agora.
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