quinta-feira, 20 de fevereiro de 2020

A VOZ QUE DANÇA



A voz que dança enuncia vida.
Foge ao logos,
não comunica.

Ela é pura expressão, movimento,
cheio de texturas, velocidades e tempos.

A voz que dança é desatino,
poesia e forma
na expressão do corpo irrequieto.

Ela é a experiência de um destino,
de um ponto em transição na paisagem
do grande texto mudo do mundo.

a voz que dança nos transmuta em sopro.

quarta-feira, 19 de fevereiro de 2020

HÁ MUITOS SILÊNCIOS NO MEU DIZER

Mesmo quando não me calo
Guardo silêncios. 
Digo apenas o necessário 
Contra todas as expectativas .

Deixo palavras ao vento
Para os ouvidos do abismo
Contra o coro das verdades explícitas.

Meu dito busca a intensidade da mudez do mito
Na expressão do  intraduzível 
Do mais imediato e vivido.

terça-feira, 18 de fevereiro de 2020

O IMPENSADO

O impensado do pensamento  vive na potência do virtual.
Ele é um  quase ser que existe em nós, que cria através de nós, 
O póstumo como condição  do devir,
Do indeterminado e incondicionada
Que grita em nós, 
É  expressão do vir a ser
Que nos consome e consuma.


O CAMINHO DO NIILISMO

Não  participarei das verdades comuns,
Dos afetos comuns,
Das angústias e necessidades comuns.
Muito menos irei me submeter aos valores e princípios comuns.
Pretendo construir meu íntimo nada
A margem do mundo.
Superar o trauma do nascimento
Inventando minha própria versão do vazio de viver,
Minha auto desconstrução  voluntária de ser.

quinta-feira, 13 de fevereiro de 2020

TEMPO




Escrevo para me perder no tempo,
para perder tempo,
para não saber o tempo,
para esquecer o tempo,
para lembrar o tempo,
para dizer o tempo
E, por fim,
GRITAR O TEMPO
enquanto ainda é tempo...

quarta-feira, 12 de fevereiro de 2020

CONFUSÃO DO TEMPO




O passado me vem do futuro.
Pois ando correndo contra o tempo
na contramão da civilização e do progresso.
Tenho janelas abertas nos olhos
e portas fechadas nas mãos
para derrubar as paredes do tempo.
Já nasci póstumo.
O presente não é meu agora.


terça-feira, 11 de fevereiro de 2020

DA VERDADE


A verdade revela-se
através de suas versões.
Todas duvidosas,
todas verossímeis,
todas absurdas,
Mas concretamente vividas como fato linguístico.

O que define a verdade
é aquilo que ela inventa como falso
estabelecendo os marcos discursivos do não ser.

VIDA

Vida é aquilo que muda,
Que foge a norma,
Que sempre engendra
Um outro de si
entre o singular e o comum.

A vida é uma incerteza ontológica 
Contra todas as definições de ser e viver.

quinta-feira, 6 de fevereiro de 2020

ATEMPORAL


Não há idade que me diga  limites,
que me prenda a qualquer tempo.
Não me ocupo do passado,
nem me interessa o futuro.

Sei, além do presente,
a margem do agora, 
que ultrapassa o instante,
e ensina o vento
Na intuição do intempestivo.

quarta-feira, 5 de fevereiro de 2020

O NADA COMO SEGREDO


Há um segredo no escrever
que o dizer esconde.
Trata-se de uma vontade de nada,
de desdizer absolutamente o mundo
em nome de outra realidade
onde nada é mais verdadeiro
do que as intensidades de um corpo
em profundo silêncio.
Há  em toda escrita uma intuição de inercia e  de morte....