quarta-feira, 13 de junho de 2018

O AVESSO DA ONTOLOGIA


A realidade é como um sonho.
Não passa de uma fantasia.
Mas nela estamos contidos
Através das imaginações que nos atravessam.
Há sempre um dentro no que existe fora,
Um silêncio que nos surpreende.
Somos exteriores a nós mesmos
Inventando uns aos outros.
Precisamos sempre de novo
Transbordar a realidade
Na constância de um só momento
Que sempre nos surpreende outro.
Mas toda eternidade é apenas um ponto
Que define o estático correr do tempo
Enquanto a realidade inverte a si mesma
Revelando o devir contra a consciência.
Neste exato momento já estou onde estive antes do meu nascimento.
Cada lugar é parte da totalidade de lugar nenhum.





segunda-feira, 11 de junho de 2018

UMA IMAGEM DE PENSAMENTO




Há uma zona de caos em meus pensamentos.
Um lugar de dúvidas e incertezas
Onde  crescem silêncios.
Por lá fantasias vagam atônitos
Buscando a forma de  conceitos,
Enunciados e significados,
Procuram alcançar algo que vive em segredo
Entre os afetos, as vontades e os gestos.
Nesta zona de caos os abismos são planos,
Tudo é incerto e provisório.
Não há razão ou verdade,
Nenhuma forma de eternidade.
Mas algo de impreciso acontece
Como um lado de fora do pensamento
Nesta zona indecisa entre o real e o virtual  de abstratos acontecimentos.




domingo, 10 de junho de 2018

A VIDA DOS LUGARES

Os lugares possuem sua própria história e sua própria vida. Mesmo quando os convertemos em território, quando os habitamos,  não passamos de nada além de um ponto na paisagem. Não importa o quando moldados em função de nossos usos e necessidades, os lugares sempre nos ultrapassam.
 
Neste ponto onde estou agora, por exemplo, quantas pessoas viveram em outras ambientações e tempos esta mesma espacialidade? poderia responder que este mesmo lugar era outro... que ele não me pertence como nunca pertenceu a ninguém antes de mim em seu devir morfológico.

A vida da paisagem não é biológica. Ignora o sentido, os artifícios do pensamento, os edifícios e transformações que lhe impomos. A terra não é a cidade. Embora a cidade seja a terra.
É preciso fugir a familiaridade da paisagem para redescobri-lá em sua silenciosa existência e movimento. Ela sempre existe além de suas configurações de momento.

O CAOS E O DESERTO

O deserto cresce
Enquanto o nômade
Contempla a estepe
Imóvel em seu movimento
Até desaparecer na paisagem.
Agora o Ser do silêncio é linguagem.
O caos avança trazendo o novo no vento.
Ele acontece informe em todas as partes.

quarta-feira, 6 de junho de 2018

APENAS MAIS UM


A experiência escapa a subjetividade.
Ela não me define como indivíduo,
mas me afirma como parte dos outros, me confirma como um número. 

Estou confinado à rótulos e identidades.
Tudo que posso dizer ou fazer,
Apesar das minhas escolhas,
Encontra-se pré definido.

Experimento o momento
Aprendendo sempre de novo
A ser como os outros.

terça-feira, 5 de junho de 2018

ESPAÇOS ÍNTIMOS E ÍNFIMOS

Minha vida é feita de pessoas, lugares e coisas ignoradas pelo mundo.

Minha realidade é menor do que aquela que vejo na tela. Mas dentro dela cabem mil imaginações, possibilidades e virtualidades, que redesenham em múltiplas significações, meu mínimo espaço vívido. Mas minha vida habita o invisível....


Existencialmente estou a deriva sempre estranhando a familiaridade dos meus lugares de ser.

segunda-feira, 4 de junho de 2018

CONHECIMENTO COMO AUTO AJUDA

Aprendemos a esperar dos livros aquilo que a existência não nos dá. Ou seja, a própria vida em sua mais destilada definição. Falo do sentido como uma adequação do corpo aos acontecimentos e o pensamento como um deleite da imaginação mais criativa. 

No fundo, não é a verdade que nos interessa. Mas o velho elixir milagroso dos velhos alquimistas onde a natureza e a razão coincidem em uma natureza ideal é antropológica. Reduzimos todo conhecimento a variantes de auto ajuda.

sexta-feira, 1 de junho de 2018

MEMÓRIA E ESPAÇOS VIVIDOS

A memória é antes de tudo a reconstrução de uma ambientação. Ela se relaciona com a experiência do espaço. É como uma marca deixada no corpo pela experiência de um lugar. 

Habitamos a terra através de todas as nossas ações e experiências. Falar sobre nós mesmos é descrever os lugares que frequentados, dos quais somos parte. 
Existir é territoriedade.

SOMOS APENAS UM PONTO DENTRO DE UMA PAISAGEM

Enquanto um corpo ativo, pertencemos a um plano de experiencia de objetos e pessoas, somos parte de uma paisagem existencial. Não é nossa consciência que define nossa inserção neste plano, mas os efeitos limitados que ocasionamos sobre tudo que nos rodeia. Há uma exterioridade do interior e um interior da exterioridade que nos perpassa, que nos reduz a um ponto dentro de uma paisagem.

quarta-feira, 30 de maio de 2018

QUASE ANATOMIA DO EU




Aquilo que sou....
O eu onde estou....
É o que é pensado no acontecer das  palavras,
É o que se transforma
Quando o lado de fora da linguagem
Se torna o lado de dentro do mundo verdade.

Mas quem sabe todos os labirintos de um enunciado?
Não se pode dizer das coisas a forma
Ou traduzir a vida em uma formula.

O eu é o ponto de encontro entre o dizer e o fazer.
Ele só existe através da ilusão de uma exterioridade.
O eu não tem um lado de dentro.