domingo, 10 de junho de 2018

O CAOS E O DESERTO

O deserto cresce
Enquanto o nômade
Contempla a estepe
Imóvel em seu movimento
Até desaparecer na paisagem.
Agora o Ser do silêncio é linguagem.
O caos avança trazendo o novo no vento.
Ele acontece informe em todas as partes.

quarta-feira, 6 de junho de 2018

APENAS MAIS UM


A experiência escapa a subjetividade.
Ela não me define como indivíduo,
mas me afirma como parte dos outros, me confirma como um número. 

Estou confinado à rótulos e identidades.
Tudo que posso dizer ou fazer,
Apesar das minhas escolhas,
Encontra-se pré definido.

Experimento o momento
Aprendendo sempre de novo
A ser como os outros.

terça-feira, 5 de junho de 2018

ESPAÇOS ÍNTIMOS E ÍNFIMOS

Minha vida é feita de pessoas, lugares e coisas ignoradas pelo mundo.

Minha realidade é menor do que aquela que vejo na tela. Mas dentro dela cabem mil imaginações, possibilidades e virtualidades, que redesenham em múltiplas significações, meu mínimo espaço vívido. Mas minha vida habita o invisível....


Existencialmente estou a deriva sempre estranhando a familiaridade dos meus lugares de ser.

segunda-feira, 4 de junho de 2018

CONHECIMENTO COMO AUTO AJUDA

Aprendemos a esperar dos livros aquilo que a existência não nos dá. Ou seja, a própria vida em sua mais destilada definição. Falo do sentido como uma adequação do corpo aos acontecimentos e o pensamento como um deleite da imaginação mais criativa. 

No fundo, não é a verdade que nos interessa. Mas o velho elixir milagroso dos velhos alquimistas onde a natureza e a razão coincidem em uma natureza ideal é antropológica. Reduzimos todo conhecimento a variantes de auto ajuda.

sexta-feira, 1 de junho de 2018

MEMÓRIA E ESPAÇOS VIVIDOS

A memória é antes de tudo a reconstrução de uma ambientação. Ela se relaciona com a experiência do espaço. É como uma marca deixada no corpo pela experiência de um lugar. 

Habitamos a terra através de todas as nossas ações e experiências. Falar sobre nós mesmos é descrever os lugares que frequentados, dos quais somos parte. 
Existir é territoriedade.

SOMOS APENAS UM PONTO DENTRO DE UMA PAISAGEM

Enquanto um corpo ativo, pertencemos a um plano de experiencia de objetos e pessoas, somos parte de uma paisagem existencial. Não é nossa consciência que define nossa inserção neste plano, mas os efeitos limitados que ocasionamos sobre tudo que nos rodeia. Há uma exterioridade do interior e um interior da exterioridade que nos perpassa, que nos reduz a um ponto dentro de uma paisagem.

quarta-feira, 30 de maio de 2018

QUASE ANATOMIA DO EU




Aquilo que sou....
O eu onde estou....
É o que é pensado no acontecer das  palavras,
É o que se transforma
Quando o lado de fora da linguagem
Se torna o lado de dentro do mundo verdade.

Mas quem sabe todos os labirintos de um enunciado?
Não se pode dizer das coisas a forma
Ou traduzir a vida em uma formula.

O eu é o ponto de encontro entre o dizer e o fazer.
Ele só existe através da ilusão de uma exterioridade.
O eu não tem um lado de dentro.


O INTEMPESTIVO



Considere sempre o intempestivo,
Aquilo que carece de razão e juízo,
Que passeia no vento em todas as direções
E cresce na paisagem como mato ordinário.

Busque sempre o hibrido, mutável e imprevisível
Principio de liberdade.
Não se acanhe diante do inesperado ou indesejável.
A vida é feita de surpresas
E as grandes mudanças são imperceptíveis
Pois acontecem como devir.



segunda-feira, 28 de maio de 2018

O OUTRO DA NARRATIVA

A narrativa sem direção dos delirantes da escrita tem por matéria o próprio dizer. Não visa a descrição de um objeto, mas a experiência da linguagem como uma coisa que se faz a si mesma,  que nos escapa a cada frase, fechada no encadeamento dos enunciados que se combinam por afinidade, como peças de um quebra cabeça.

Não há como ter controle. O texto porta seu próprio segredo e acontece através dele. É como um transe. Há um outro dentro do autor delirante. É sempre ele quem fala.

sábado, 26 de maio de 2018

ÉTICA, ESTÉTICA E PENSAMENTO

Nenhum saber normativo ou racional nos fornece ferramentas eficientes para o cotidiano exercício da existência. Para tanto é necessário um saber que fundamente uma ética, um modo de vida, que não seja uma representação ideológica do mundo, mas o dizer da experiência rasa em seu modo mais destilado.

O conhecimento deve acontecer no plano da vida convertida em uma experimentação estética. Nada de um saber verdade que nos ensine a julgar, a normatizar, e reproduzir relações de autoridade e poder.   

Pensar, afinal é uma arte. É consciência e não ciência.