sexta-feira, 20 de abril de 2018

COMPLEXOS, SIMULACROS E CONVICÇÕES



Os complexos afetivos possuem um grau de autonomia relativo em relação ao ego, que inscreve-se em um complexo egóico, enquanto centro da consciência. Podemos defini-los, em termos bem gerais, como um conjunto de imagens e ideias significativas ou com grande carga afetiva estruturados em torno de um arquetípico. Podemos aplicar a teoria dos complexos não apenas a dinâmica da personalidade individual ( como uma totalidade múltipla e dinâmica), como também a grupos de indivíduos que aderem a esta ou aquela profissão de fé religiosa ou ideológica. 

A vida psicológica é um encadeamento de incidentes desconectados que são arranjados teleologicamente pela ação dos complexos. Jung desenvolveu a teoria dos complexos a partir de seus estudos experimentais com associação de palavras realizados na primeira década do século XX.

Apropriando-me muito livremente de sua teoria diria que é o encadeamento e estruturação de nossa economia afetiva, através de um fluxo de imagens, conceitos e fantasias, que definem nossas opiniões mais corriqueiras e experiências, inclusive nossos arquivos minemônicos. Por isso, de modo geral, é muito difícil separar nossas opiniões dos afetos. Opiniões são agenciamentos e não escolhas racionais, a experiência arquetípicos definem a existência como simulacro através da autonomia dos complexos.



quinta-feira, 19 de abril de 2018

EXISTÊNCIA E DEVIR

Criamos inventando fugas
Ou estratégias de evasão.
Nossa consciência é essencialmente descontente,
Transitória, sensual e inquieta.
Pode-se mesmo dizer: inadaptável.
Busca sempre o inédito,
O impossível,
Contra o imediatamente dado.

Criar é afirmar a impermanência das coisas,
Fazer fluir a existência,
Como exercício constante de deslocamentos.


COISAS ENTRE COISAS ATRAVÉS DAS COISAS

Há algo de desconcertante em experimentar a existência como um acontecimento sem substância, como um acontecer de coisas múltiplas sobre as quais não possuímos qualquer controle. Somos também um corpo/coisa composto por múltiplos acontecimentos inseridos na paisagem múltipla do mundo. A realidade é território e movimento, é um encadeamento de coisas/acontecimentos.


Não se trata, portanto, de saber quem ou o que somos, mas de saber o que nos acontece entre tantos acontecimentos coisas.

terça-feira, 17 de abril de 2018

COORDENADAS ABSTRATAS


Procuro adivinhar a longitude e a latitude de um pensamento, sabe-lo em movimento, como um corpo abstrato e concreto em constante mutação, multiplicação, inventando afetos durante seus abstratos deslocamentos; sua forma e formação, florescem na paisagem da consciência. Definem um ponto/coordenada onde significante e significado conectados desenham uma conjuntura, um enunciado impessoal e abstrato onde, por mais intimo que me pareça, não guarda qualquer traço de subjetivade ou relação com a concretude das cosias.


OS ABISMOS DA COMPREENSÃO


É possível tocar com os olhos,
Ver com os pensamentos,
E compreender com a imaginação.

Eis aqui  a mais profunda forma de entendimento:
O mergulho na sombra dos conceitos
Até que o conhecimento embriague o corpo
E desenhe palavras transparentes
Fazendo do lado de fora do mundo
Nossa mais íntima confissão.


segunda-feira, 16 de abril de 2018

A PRECARIEDADE DO ENTENDIMENTO


O exterior é o ver.
O interior é o visto.
Entre os dois
Existi um sentir 
Que dentro de nós
Escreve a imagem.

Mas tudo que podemos
É reduzi-la a signos,
Rabiscar o ilegível
Através de frágeis enunciados
que não compõem um olhar
ou inventam um quadro.

quinta-feira, 12 de abril de 2018

DEVIR E SIMULACRO


A circulação vertiginosa de signos que se replicam, que se modificam e multiplicam até o limite da saturação, estabelece esta grande rede de significações verbais e não verbais em  que se transformou a sociedade. A vida é cada vez mais o seu  duplo virtual, seu simulacro.

Somos objeto de nossos enunciados, de nossas fantasias e imagens de mundo. Somos um eu que já não é mais cogito, pois o devir rasga o ser por dentro. Tudo é movimento cego em um espaço que é o próprio tempo.

Escrevemos a vida como cartografia, como rizomática fantasia coletiva que através de nossos corpos inventa a imanência.


HETEROPIA



O pensar espacializado,
Materializado no corpo
Como movimento e fuga,
Desvela a geografia de nossa existência.

A vida é paisagem e cartografia
Que exploramos em espaços/pedaços de tempo.




quarta-feira, 11 de abril de 2018

VIDA


OBJETIVIDADE


Perdi tempo demais procurando entender as coisas, buscando as razões dos fatos. Vivi menos do que devia fechado em uma bolha abstrata de vagas certezas cotidianas. Hoje quase não me percebo no tempo e só me sei em meus passados. Acordo todos os dias para algum ontem onde me espero futuro. Enquanto isso a vida segue indiferente....tudo acontece a revelia dos meus atos e pensamentos.